Quando você ouve a palavra druidismo, você tende a pensar que quem pratica a religião é um druida. Essa afirmação está parcialmente correta. Existem druidas no druidismo, mas não são todas as pessoas que podem se afirmar druidas dentro da religião. Na verdade, o ofício de druida é um dos mais complexos no druidismo.

Mas se não são druidas, o que são?

Dentro do druidismo, existem três ofícios – o número três é um número sagrado na religião – os bardos, ovates e druidas. Além desses três, existe o nome dado à pessoa que estuda os princípios druídicos, mas ainda não assumiu nenhum ofício ou não pretende assumir: essas pessoas podem ser chamadas de druidistas. Na sociedade celta esses ofícios não eram tratados como uma hierarquia, entretanto eram aprendidos nessa ordem descrita, ou seja, primeiro bardo, depois ovate e por último druida. Hoje em dia, em muitas ordens druídicas, o praticante tem a opção de se iniciar nos três ofícios, ou ir até um caminho e ficar por ali mesmo. Exemplo: você pode se iniciar como bardo e realizar esse ofício na comunidade apenas, mas se você deseja se iniciar como druida, terá de passar antes pelas iniciações de bardo e ovate primeiro.

O que são os bardos?

Nos tempos antigos, os bardos eram os guardiões da tradição, da memória de sua tribo – eles mantinham a sacralidade da Palavra. Embora eles representassem o primeiro nível de aprendizado de um druida, nós não devemos cometer o erro de pensar que um bardo era de algum modo inferior ao resto. Antigamente o bardo era um poeta e contador de histórias que era treinado em um colégio de bardos. Atualmente, um bardo é aquele que enxerga a criatividade como uma habilidade espiritual natural e que escolhe nutrir essa habilidade parcial ou inteiramente no druidismo. A arte é a palavra-chave: músicas, danças, poemas, textos, imagens, até mesmo fotografia podem ser instrumentos de um bardo.


O que são os ovates?

Creio eu que dos três ofícios este é o menos conhecido na nossa cultura brasileira. Conhecemos os bardos e druidas de classes de jogos de RPG – embora não tenham muito a ver com os bardos e druidas do mundo real – mas não temos ideia do que possa ser um ovate. São apenas mencionados em séries, livros e filmes que já possuem uma conexão com o mundo celta – por exemplo, em As Aventuras de Merlin, um “vate” aparece para dar uma visão para o mago de que Arthur estaria sendo encaminhado para uma armadilha.

A palavra vate tem a mesma origem do verbo “vaticinar” em português, que significa prever, anunciar, predizer. Nos tempos antigos, um ovate era um profeta, vidente, curandeiro e adivinho. Atualmente, um ovate é aquele que estuda ou pratica herbalismo, cura e adivinhação dentro do contexto druídico, ou que entrou no nível de treinamento ovate dentro de uma ordem druida. Ovates podem se utilizar de vários métodos de adivinhação: oráculo, runas, tarot. É comum que um ovate seja praticante do xamanismo e de outras artes que tenham por fim a cura e a divinação. Em geral se levam de dois a três anos para concluir o treinamento de ovate.


O que são os druidas?

Como já escrevi neste blog, a palavra druida quer dizer “aquele que tem a sabedoria do carvalho”. Nos tempos antigos o druida era um filósofo, professor, conselheiro e magista. Atualmente é aquele que chegou no último nível de treinamento, o de treinamento druida, e mesmo hoje em dia ainda se levam bons anos para ser treinado como druida em várias ordens. Isso porque um druida precisa ser uma pessoa sábia, que carrega conhecimento e experiência, afinal são eles que conduzem os rituais, aconselham e ensinam as pessoas de sua tribo. Nos povos antigos celtas, os druidas eram considerados médicos, juízes, conselheiros e muitas vezes a palavra de um druida tinha mais peso do que um rei ou rainha, por exemplo. Eram pessoas muito prestigiadas por sua sabedoria e trabalho na tribo. Então, hoje não pode ser muito diferente, um druida atual tem como responsabilidade cuidar de sua tribo com todo o conhecimento que acumulou ao longo dos anos e agir como um diplomata. Druidas em geral são sacerdotes poderosos e você faz bem de respeitá-los caso encontre com um.

Conclusão

Dentro da tribo, três ofícios são realizados pelos seguidores do druidismo: o ofício de bardo, de ovate e de druida. Devemos tratar com respeito cada ofício e não assumir que um seja superior ao outro, pois o druidismo se trata de servir e não de ser servido. Cada papel é de extrema importância na tribo e contribui para um propósito maior. Usamos nossos conhecimentos para crescermos e nos curarmos pessoalmente, mas também para ajudarmos as pessoas ao nosso redor a crescerem e serem curadas também, para que então possamos curar o mundo.


Bênção dos Deuses.

Agradeço aos sites Druidismo.com e Druidry.org pela inspiração.
No último post eu dei uma breve descrição de quatro tipos de animais de poder principais: o permanente, ou o totem animal, o mensageiro, o temporário e o que será descrito hoje: o animal sombra.

O que é a energia de um Animal Sombra?

São animais que nos desafiam de certo modo. Nós temos medo deles ou simplesmente não gostamos. É um sentimento irracional de repulsão ou desgosto. São animais que às vezes matamos, ou evitamos; aqueles que ao aparecerem na televisão nós simplesmente mudamos de canal ou desligamos, e podem aparecer em nossos pesadelos ou até mesmo nos atacar. Nós temos medo desses animais porque eles possuem lições para nos ensinar das quais não queremos aprender. Tememos o que o animal tem para dizer sobre nós mesmos, e comumente nos forçam a enfrentar duras verdades sobre nosso caráter, personalidade e comportamento. Geralmente o que nós não gostamos no animal sombra reflete naquilo que nós não gostamos em nós mesmos, ou representa algo que nos aconteceu ou está acontecendo, que nos parece desgostoso e doloroso. Em casos extremos, desenvolvemos fobias desses animais, ou até mesmo pior, começamos a querer exterminá-los em massa caso tenhamos a oportunidade.

É chamado de “sombra” porque assim como os aspectos da nossa vida que não gostamos, é também comumente marginalizado e ignorado. Até mesmo pessoas com uma vida espiritual possuem dificuldade em confrontar e trabalhar com seu animal sombra. É possível ter mais de um animal sombra, e também é possível que eles mudem durante a vida; praticamente todos possuem um animal sombra, e em alguns casos é mais fácil saber alguns animais que temos problemas mais do que outros, pois são animais que confrontamos regularmente como aranhas ou moscas. Às vezes pode ser mais difícil, como um animal que é facilmente evitado porque só se encontra em algum lugar específico, no zoológico ou nos livros.

Animais Sombra mais comuns:

- Formiga
- Pulga
- Abelha
- Vespa
- Mosquito
- Mosca
- Carrapato
- Aranha
- Cobra
- Cavalo
- Corvo (Corvus corax/ Corvus brachyrynchos)
- Lobo
- Hiena
- Cuco

Existem vários outros! Você pode pensar sobre medos e desgostos do passado e assimilar com animal sombra também.

Faça a si mesmo uma pergunta: se você tem medo de aranhas, você precisa ser bem específico. Você teme TODAS as aranhas? Ou apenas as venenosas? Ou as rápidas? Ou as tarantulas enormes? Você teme todas as vespas? Até mesmo aquelas que você nunca viu? Por que? E os cucos, você odeia eles porque eles empurram ovos pra fora do ninho? Ou porque acha eles feios?

Faça perguntas relevantes a si mesmo, o motive de você temer ou não gostar do animal. Comece com perguntas simples. Escreva as respostas dessas perguntas e então você pode começar a diminuir a natureza do seu medo:

Que tipo de ‘animal’ é?
Como ele se parece?
Como ele age?
Como ele se move?
Ele pode me machucar?
Eu tenho medo ou odeio ele tanto quanto outros animais que podem me machucar ou da mesma maneira?


Medicina Poderosa

Não é preciso nem dizer: um dos exercícios mais poderosos que podemos fazer é confrontar nossos aspectos sombrios e trabalhar com eles consciente e inconscientemente para criar uma relação de trabalho. Isso é um processo espiritual, comumente iniciado através de meditação e visualização do próprio animal, e pode nos forçar a acender uma vela diante das nossas próprias sombras das quais negamos, ou suprimimos, ou ignoramos.

Energias da sombra possuem medicina ponderosa, se imaginarmos que estamos sempre tentando nos melhorar e chegar perto da plenitude e do espírito, e o animal sombra pode no mostrar caminhos diferentes pra isso. Energias de sombra não são gentis, não mimam a gente, e algumas vezes trabalhar com essas energias pode envolver lágrimas, terror e até mesmo dor se o animal já nos atacou no passado. Mas elas nos mostram caminhos bem diretos para o espírito e lar para verdades que uma vez confrontadas comumente mostram que o animal em si não é metade assustador do que pensávamos!

Por exemplo, animais venenosos frequentemente nos forçam a confrontar que nós também somos capazes de ações brutais e venenosas para conseguirmos o que queremos. Não há sentido em negar isso, e aranhas e cobras (e outros animais venenosos) nos dizem que devemos não somente confrontar essa verdade, mas como também abraça-la, e eventualmente aprender como amar e compreende-la. Através desse amor e compreensão nós alcançamos um novo respeito por nós mesmos e pelo animal através de trabalho espiritual.

Algumas vezes energias de sombra até se tornarão seu guia primário, ou um dos seus guias mais significantes. Se você estiver aberto e for honesto com o animal e consigo mesmo, você pode até desenvolver um aliado poderoso que pode te ajudar em outros mundos, rituais e trabalhos com feitiços. Você também se tornará capaz de ajudar outros a enfrentar seus próprios medos e desgostos do mesmo animal, porque você frequentemente saberá o que você teve que passar até chegar a um estado de compreensão.

Leve o tempo que precisar

Algumas pessoas gostam de resultados rápidos em sua espiritualidade, a ideia de uma jornada prolongada e extensa de trabalho duro com pequenos resultados pode ser frustrante no mínimo, por assim dizer. Mas com animais sombra é importante entender que reconciliar com sua sombra, ou até mesmo aspectos dessa sombra, com sua própria consciência, pode ser um processo difícil e contínuo.

Claro que o processo também pode ser muito rápido! Você pode ter um insight de realização e percepção e do nada pensar: “Sim! Eu realmente odeio isso em mim, e tenho medo disso, e vou fazer *isso* para consertar, por que eu nunca pensei nisso antes?”. Mas na maioria das vezes o processo é lento, contínuo, mas que no final é totalmente gratificante e que vale a pena.

Não force o processo, às vezes você não estará pronto de jeito nenhum, e você vai saber que está pronto quando acontecer. Seja paciente consigo mesmo. Respeite a si mesmo e tenha compreensão de si e da sua jornada espiritual conforme você aprende a respeitar e entender suas energias e seu animal sombra.



Texto traduzido do site: http://www.wildspeak.com/other/shadowanimals.html


Em crenças e religiões animistas – que creem que tudo no mundo possui alma – e totemistas – crença de que existem espíritos na forma de animais que nos orientam e auxiliam – é comum ouvirmos falar em animais de poder, ou totem animal, ou até mesmo animal espiritual. Esses animais são importantes para nos ensinar lições, sobre nós mesmos ou sobre como o reino espiritual age na natureza. Também são usados para a cura, seja ela em qualquer um dos quatro corpos: emocional, mental, físico e espiritual.

Existem quatro tipos principais de totem animal, dos quais darei uma breve explicação. É importante que se descubra cada um e o estude, pois assim você poderá se fundir com ele e chamar por sua energia sempre que precisar. Também é necessário honrar os totens, pois assim estará honrando os espíritos da natureza, possibilitando grande aprendizado e sabedoria.

Animal Permanente – Este animal ficará ao seu lado desde o seu nascimento até a hora da sua morte. Geralmente são os animais mais fáceis de serem reconhecidos, pois são aqueles com os quais você mais se identifica em termos de aparência externa e comportamento. O normal é que se tenha apenas um animal permanente, e em raros casos dois. Animais permanentes são professores natos, entretanto eles também aprendem conforme você vai aprendendo, e crescem conforme você vai crescendo.

Animal Temporário – Estes animais costumam durar alguns dias, meses ou até mesmo alguns anos. Estão ali por causa de uma determinada lição, ou seja, eles possuem algo para te oferecer, uma lição para ensinar. Essa lição pode vir em forma de aprendizado de vida, uma cura, seja corporal ou espiritual. Eles ficarão ao seu lado até que essa lição seja aprendida ou que você seja curado, entretanto podem ocorrer casos onde o animal temporário continua voltando repetidamente. Nesse caso, duas explicações são possíveis: ele pode ser mais do que um simples animal temporário e pode ter mais significado para você do que você imagina; ou pode ser um sinal de que você continua doente – mentalmente, espiritualmente ou corporalmente – ou que você ainda não aprendeu corretamente a lição que ele tem para ensinar.

Animal Sombra – Geralmente são animais dos quais você vai ter muito medo, pavor e até mesmo evitar contato com eles, e em muitos casos pode parecer que eles estão agindo contra você. Porém, com o tempo e conforme você aprende a lidar e entender seu animal sombra, ele pode agir a seu favor, com você e para você, entregando-o seu poder. O Animal sombra é como um espelho: ele reflete seus maiores medos, e características que você não gosta em si mesmo. São coisas que você deve aprender a superar em um determinado momento para o seu próprio bem. Eles são animais intrigantes e difíceis de lidar, mas podem representar um papel muito importante na sua vida, caso você venha a aprender como trabalhar com eles.

Animal Mensageiro – São animais precisos em suas ações: eles chegam rapidamente e vão embora da mesma maneira, deixando bem claro a mensagem que querem passar. Podem trazer experiências de felicidade ou calmaria, como a mensagem de alguém que você gosta muito ou de alguém que já não vive mais neste mundo; assim como podem trazer mensagens chocantes e repentinas, como por exemplo, um aviso de perigo iminente, de alguma escolha ruim que você possa fazer, ou até mesmo sobre alguma pessoa que não é o que aparenta ser.

Conseguiu identificar algum animal de poder em sua vida? Deixe sua experiência nos comentários. Em breve estarei publicando explicações mais específicas sobre cada tipo de animal, assim como os animais mais comuns e o que eles representam.

Bênção dos Deuses.
Hoje vamos falar sobre um comportamento muito comum entre os praticantes e estudiosos das artes: a preguiça.


“A preguiça pode ser interpretada como aversão ao trabalho, bem como negligência, morosidade e lentidão. É um termo oriundo do latim pigritia, "aversão ao trabalho". O preguiçoso, conforme o senso comum, é aquele indivíduo avesso a atividades que mobilizem esforço físico ou mental. De modo que lhe é conveniente direcionar a sua vida a fins que não envolvam maiores esforços. A preguiça é algo que pode ser combatido e pode ter motivações psicológicas e fisiológicas.”

Vivemos em um país conhecido pelos seus modos de sair de problemas das formas mais inusitadas, criar maneiras de fazer as coisas evitando o máximo de esforço possível. Você provavelmente já ouviu falar no termo “jeitinho brasileiro”. Somos um povo reconhecido pela falta de disciplina, modos, respeito. É só ver o desenho da Disney, Zé Carioca, representação do personagem brasileiro que vive na malandragem fumando seu charuto e passando a perna nos outros. Ainda que esse panorama não represente toda a população, muitos acabam “pagando o pato” quando vão para o exterior. Fato é, nós estamos acostumados a ser assim.

Esse texto está sendo aplicado ao conceito das artes, da bruxaria, da magia e da religião. Mas pode ser aplicado aos mais diversos temas de sua vida, visto que vamos trabalhar com um hábito que pode afetar tudo aquilo que você faz. Vamos lá:

A Arte da Bruxaria requer dedicação, estudo. É claro que você pode viver como lhe convém e estudar apenas aquilo que lhe convém ou que vai lhe beneficiar, afinal não existem regras definidas para isso, cada um segue um caminho. Entretanto, seu resultado vai depender da quantidade de esforço que você coloca sobre aquilo que está fazendo.

A maneira como você se comporta e como lida com a Arte vai mostrar que tipo de bruxo você é. Paciência, disciplina, sede de conhecimento, sacrifício, cautela, autoconhecimento, sabedoria: são essas características que separam um bruxo excepcional de um bruxo medíocre. Se você se conforma em ser uma pessoa mediana, a escolha é sua, entretanto estamos aqui para sair do padrão. O nível de vontade do ser humano se manifesta desde sua infância; é aquela criança que faz o esforço necessário apenas para passar de ano, que é média em todos os aspectos, não existe um assunto sequer que ela se mostre interessada ou que tenha um desempenho melhor. Não vamos entrar em méritos de educação aqui, apenas estou usando como exemplo. Por mais que influência e apoio sejam fatores que influenciem no sucesso de alguém, se esta pessoa não tem vontade de crescer, não há financiamento no mundo que a faça mudar.

Nossa vida é preciosa demais, ainda para aqueles que acreditam em reencarnação. Cada vida tem um propósito, um destino, uma missão a cumprir. Ficar no mundo vagando sem nenhum desejo de melhora é quase uma ofensa ao Divino. Lembre-se, viver é diferente de sobreviver. Feche seus olhos, tente fazer uma viagem no tempo; vamos ao Egito Antigo. Você pode ver o brilho do Sol refletindo na areia quente, e ao longe, as poderosas pirâmides, paisagens que chegam a tirar o fôlego. Tente imaginar quanto tempo elas demoraram para ser construídas. Cada bloco pesando mais de duas toneladas, todos eles sendo empilhados um por um, sem nenhum auxílio de toda a tecnologia que temos hoje. E são construções que perduram até os dias atuais, mesmo com todo o histórico de guerras, invasões, força do tempo e do clima. Imagine o tamanho da vontade que o povo egípcio teve ao construir esses monumentos. E você aí, achando que vai morrer porque tem que acordar cedo e ir trabalhar.

Tornamo-nos muito acomodados, não apenas em termos físicos, mas também mentais. Estudamos porque precisamos passar e não porque desejamos conhecimento e queremos nos aprimorar. Na bruxaria não existe espaço para quem se comporta desse jeito. A bruxaria é uma arte, e deve ser tratada da devida maneira.

Paciência: é necessário ser uma pessoa paciente. Você não vai se tornar um expert no assunto da noite pro dia, em uma semana, um mês. Muitas vertentes da magia exigem anos de estudo para que a pessoa possa ser ao menos reconhecida como entendedora do assunto. Lembre-se: quanto mais tempo investido, melhor o resultado. A paciência também é crucial quando se trata da prática da Arte. Um tolo vai se deixar levar pela ansiedade e praticar um ritual que acabou de ver em um livro ou na internet; um sábio vai ter paciência e estudar bem o ritual, consultar os deuses ou algum superior antes de realizá-lo.

Vai fazer aquele ritual que você acabou de achar sem estudar antes,
pode confiar que vai dar bom... (ironia mode on)
Disciplina: se você se dispôs a estudar a Arte, você deve se dedicar a ela devidamente, estudando ao menos alguma coisa mesmo que pequena todos os dias. Crie planos de estudo, metas para atingir, misture assuntos que você considera “chatos” com assuntos que lhe interessam mais. Alguns assuntos considerados chatos podem guardar informações úteis. Tenha sempre em mente que o conhecimento é sua maior arma.

Liberte-se da preguiça: bruxo que é bruxo gosta de estudar e não tem preguiça de ficar horas lendo um texto ou assistindo a um documentário ou filme. Faça anotações, separe um caderno para anotar seu progresso, suas dúvidas e seus planos/metas. Você pode até mesmo criar um Livro das Sombras, que eu ensino como fazer aqui. Você não precisa gostar de tudo e estudar tudo, mas também não seja uma pessoa totalmente pretensiosa de querer estudar só coisas que vão te trazer benefícios. Equilíbrio sempre!

Mergulhe no abismo sem medo: ao estudar bruxaria, independente de vertente ou religião, faça-o de mente aberta. Abandone o medo e o preconceito e busque pontos de vista diferentes do que você está acostumado a ter. Isso é ótimo até para resolução de problemas; pensar fora da caixa, olhar sobre outro panorama, questionar, buscar. “Mas isso não pode me levar a lugares que não gostaria de ir?” A resposta é sim, quando se estuda algo com a mente muito aberta você pode acabar estudando coisas mais perigosas sem estar preparado. Para que isso não aconteça, faça contato com o Divino, chame a divindade em que você acredita e peça orientação na hora dos estudos. E obviamente, tenha bom senso. Não é porque você leu aqui que deve abandonar o medo e o preconceito que você vai pular diretamente para assuntos como magia negra, invocação de entidades e etc.

Evite bruxaria fast food: a bruxaria fast food é aquela feita para parecer prática e rápida. Como aquelas propagandas enganosas que vemos de “trago seu amor em três dias”. Feitiço de um parágrafo para ganhar dinheiro, banho de erva pra ir bem na escola... Você seria um tolo completo se acreditasse que coisas tão fáceis conseguem resolver problemas de maneira tão rápida. Um paralelo a isso são pessoas que se julgam apenas pelo signo solar por pura preguiça de fazer o mapa astral completo e interpretá-lo como um todo. Você sempre pode fazer uma oração rápida, um feitiço leve para trazer boas energias, mas evite ficar apenas nisso. Se essa prática fosse boa teríamos panfletos sendo distribuídos por aí em vez de livros de mais de quinhentas páginas.


(A figura clássica do mago coberto por livros empoeirados não é atoa: é necessário muito estudo para se tornar um bom bruxo).
Tenha um bom autoconhecimento: saiba os seus limites, seus defeitos e capacidades. Seja honesto consigo mesmo: não adianta nada você ficar folheando páginas e páginas sem entender nada, sem captar a mensagem que o autor está querendo te passar. Também não adianta você querer praticar algum ritual de cabeça cheia ou com algum problema psicológico. Hoje em dia temos muitos jovens e adultos com problemas frequentes de depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico, e a verdade é que se você tem esses problemas ou até coisas mais sérias e não está em dia com sua medicação ou nem tratamento faz, é pouquíssimo aconselhável que você pratique a Arte.

Magia se trata de energia, de vibração. É como tocar em uma orquestra; se você está em um ritmo diferente, em uma nota diferente, você não entra em harmonia com a música, torna-se algo desagradável de ouvir. E quando se está com algum problema psicológico, ou até mesmo alguma dor física, você não vibra na frequência correta e sua magia pode ter pouco ou até mesmo nenhum efeito (quando não tem o efeito contrário). Isso entra na questão do autoconhecimento, pois o bruxo sábio está sempre tentando aprimorar a si mesmo, já que ele também é um instrumento dentro da Arte. O que mais vejo são pessoas com depressão querendo praticar bruxaria e negando que possuem algum problema. Se você passa por isso e ainda assim insiste, saiba que só estará prejudicando a si mesmo, e corre o risco de prejudicar as pessoas queridas ao seu redor também.

Não é vergonha nenhuma assumir que passa por um problema. Eu, autora, já passei por períodos de depressão profunda, ansiedade e síndrome do pânico e fiz mais de cinco anos de terapia com psicólogo e psiquiatra – depois farei um post relatando minha experiência e como melhorei –, mas reconheci que se eu não me livrasse disso jamais teria uma paz plena na vida. Problemas desse âmbito não afetam apenas sua vivência na Arte, mas também na sua vida emocional, profissional e acadêmica. O mesmo acontece com doenças físicas; algumas coisas não possuem cura, mas é sempre bom que estejamos aliviados de todas as dores na hora de praticar bruxaria. Devemos lembrar que somos canalizadores de energia, e a depender do nosso estado, ela pode tomar várias formas.
Um bruxo que sofre de ansiedade e não se cuida nem procura ajuda e tratamento corre o risco de alterar o curso natural das coisas. Pode querer que algo aconteça muito rápido pois ele não consegue esperar, pode realizar rituais na data errada, da forma errada, apenas porque ele está muito ansioso e deseja resultados imediatos. E isso é uma coisa extremamente perigosa.

“Ah, mas quer dizer que se eu tenho depressão eu não posso estudar magia?” – Calma lá. Você pode estudar e na verdade é até bom que estude, faça algo para ocupar seu tempo. Mas se a sua mente não está totalmente saudável é aconselhável que você evite lidar com transferências de energia, de você e outras pessoas, salvo em casos onde a pessoa que está ao seu lado saiba o que está fazendo. Entendo que pode parecer frustrante não praticar nada até se estar bem, mas veja por esse lado: o que é melhor, algo mal feito que você possa realizar agora com a chance de dar merda, ou esperar um pouco e ter bons resultados? Existem várias outras coisas para se fazer durante essa jornada. Meditação é uma delas, praticar a arte de meditar não somente vai te deixar mais próximo e conectado ao Divino como vai auxiliar no processo de autoconhecimento. Orações também são uma ótima prática. Se você precisar fazer anotações durante esse período, faça-o em um caderno separado ou use um dispositivo tecnológico para isso – computador, notebook, smartphone –, pois o processo de escrita manual também causa transferência de energia.

A jornada de um bruxo não é fácil e pode ser bem dura algumas vezes, mas não deixe que isso te desanime. Lembre-se das pirâmides e veja como o homem consegue alcançar a grandiosidade. Você tem a capacidade de realizar coisas grandiosas também, basta ter vontade e buscar o equilíbrio. Siga seu tempo, um passo por vez, levantando-se sempre que cair, com o pensamento de que cada distância percorrida, por mais que mínima, já te deixa mais perto do seu objetivo.


Bênção dos Deuses.

O Livro das Sombras – LDS (BOS – Book of Shadows, em inglês) é usado para armazenar informações que você irá precisar na sua tradição mágica, qualquer que seja. Também se fala do LDS como Grimório, Grimório Mágico/Pagão/Wiccano, etc.

Muitos pagãos e wiccanos acham que o LDS deve ser escrito à mão – isso não apenas transferirá energia para o escritor, mas também o ajuda a memorizar o conteúdo. (Certifique-se que sua escrita seja legível o suficiente para que você possa ler suas anotações durante um ritual!) – mas alguns usam o computador para guardar informações também. Tenha em mente que o Livro das Sombras é considerado uma ferramenta sagrada, o que significa que é um item poderoso e que deve ser consagrado assim como todas as outras ferramentas mágicas que você possuir.

Para criar seu Livro das Sombras, comece com um caderno de anotações em branco. Um método popular é usar um fichário para que os itens possam ser rearranjados conforme a necessidade. Se você usa esse estilo de LDS, você pode usar protetores de folha também, – aqueles plásticos pra colocar folhas únicas dentro – o que é ótimo para prevenir que cera de vela e outros resquícios de materiais que caiam nas páginas e as manchem.

(Nota fora da tradução do texto: eu recomendo folhas totalmente em branco, sem nenhum enfeite, sem linhas, apenas folhas limpas para o seu LDS. Isso foi um método que um professor de engenharia do ITA me ensinou, folhas em branco são muito mais eficientes pois não possuem nenhum desenho que possa te distrair e nem possuem riscos no meio que podem atrapalhar qualquer desenho que você queira fazer, além de ficar esteticamente feio. Se você faz algum curso, experimente fazer suas anotações em folhas em branco e veja como seu estudo ficará bem mais focado e organizado!)

Qualquer que seja a sua escolha, a página título deve incluir seu nome. Você pode escrever com enfeites ou de forma simples, dependendo da sua preferência, mas se lembre que o LDS é um objeto mágico e deve ser tratado dessa forma. Muitas bruxas simplesmente escrevem, “O Livro das Sombras de [seu nome]” na primeira página.

Que formato você deve usar? Algumas bruxas são conhecidas por criar elaborados alfabetos mágicos para Livro das Sombras em segredo. A não ser que você seja fluente o suficiente em um desses sistemas para que você consiga ler sem ter que checar notas ou gráficos, mantenha-se com sua língua nativa. Embora um feitiço pareça lindo quando escrito em Élfico ou em alfabeto Klingon (só os fãs de Star Trek vão entender essa), o fato é que é apenas difícil de ler a não ser que você seja um Elfo ou um Klingon, risos.

Quando se trata do conteúdo do seu Livro das Sombras, existem algumas seções que são quase que universalmente incluídas.

  • Leis do seu coven/clã/bosque ou tradição: acredite ou não, magia tem suas regras. Enquanto elas podem variar de grupo para grupo, é uma boa ideia manter no começo do seu LDS como um lembrete do que constitui comportamento aceitável e o que não constitui. Se você faz parte de uma tradição eclética que não possui regras escritas, ou se você é uma bruxa solitária, esse é um ótimo lugar para escrever o que VOCÊ acha que é aceitável dentro da magia;
  • Uma dedicatória: se você é iniciado em um coven/clã/bosque, você pode querer incluir uma cópia da sua cerimônia de iniciação aqui. Entretanto, muitos se dedicam a um Deus ou uma Deusa muito antes de fazerem parte de algum grupo. Este é um bom lugar para escrever para quem você está se dedicando, e por que;
  • Deuses e Deusas: dependendo de qual panteão ou tradição você segue, você pode ter apenas um Deus e uma Deusa, ou um número deles. Seu LDS é um ótimo lugar para escrever mitos e lendas e até mesmo artes e desenhos sobre sua deidade. Se a sua prática é eclética ou segue vários caminhos espirituais, é uma boda ideia incluir isso aqui;
  • Tabelas de correspondência: quando se trata de lançamento de feitiços, tabelas de correspondência são uma das suas ferramentas mais importantes. Fases da lua, ervas, pedras e cristais, cores – todas possuem significados e propósitos diferentes. Manter um gráfico sobre essas coisas no seu LDS garante que essa informação estará pronta e de fácil acesso quando você precisar;
  • Rituais de Sabbat: a Roda do Ano inclui oito feriados para a maioria dos pagãos e wiccanos, embora algumas tradições não celebrem todos eles. Seu LDS pode incluir rituais para cada um dos Sabbats;
  • Outros rituais: se você celebra cada lua cheia, você pode querer incluir um rito de Esbat no seu LDS. Você pode usar o mesmo para cada mês, ou criar vários rituais diferentes que se conectam com a época do ano. Você também pode querer incluir seções de como conjurar um círculo mágico e o “Drawing Down the Moon”, um ritual que celebra a invocação da Deusa na época de de Lua Cheia. Se você vai fazer qualquer ritual para cura, prosperidade, proteção, ou outros propósitos, se certifique de incluir eles aqui;
  • Ervas/Cristais: pergunte a qualquer pagão ou wiccano experiente sobre uma erva específica ou um cristal, e são boas as chances de que eles explicarão não apenas o uso mágico do mesmo mas também suas propriedades curativas e um histórico de como usar. Herbalismo e estudo de Cristais são considerados comumente o núcleo da magia, porque plantas e cristais são ingredientes que as pessoas têm usado por literalmente milhares de anos. Coloque junto uma seção no seu LDS para ervas, cristais e seus usos;
  • Divinação: se você está aprendendo sobre tarot, astrologia, runas, ou qualquer outra forma de divinação, mantenha todas as informações aqui. Quando você experimentar novos métodos de divinação, mantenha anotações do que você faz e seus resultados no seu Livro das Sombras.
  • Textos Sagrados: enquanto é muito legal e divertido ter vários livros novinhos em folha sobre wicca e paganismo para ler, algumas vezes é tão legal quanto ter uma informação que é mais estabelecida, mais antiga. Se tem algum texto que chame sua atenção, ou uma oração em alguma língua antiga, ou algum cântico particular que te move, inclua-o no seu Livro das Sombras;
  • Receitas mágicas: existe muito para se falar sobre cozinha das bruxas, porque para muitas pessoas, a cozinha é o centro do lar. Conforme você coleta receitas para óleos, incensos ou mistura de ervas, guarde-os no seu LDS. Você pode até querer incluir uma seção de receitas de comida para celebrações como Sabbats;
  • Feitiços: algumas pessoas preferem manter seus feitiços em um livro separado chamado Grimório, mas você pode também manter esses feitiços no seu Livro das Sombras. É mais fácil manter os feitiços organizados se você os dividir por propósito: prosperidade, proteção, cura, etc.;

O maior dilema com qualquer Livro das Sombras é como manter ele organizado. Você pode usar divisórias, criar um índice no final dele, ou se você é muito organizado, uma tabela de conteúdos na frente. Conforme você estuda e vai aprendendo, você vai ter mais informação pra incluir, por isso que o fichário é uma ideia muito prática.

Mantenha em sua mente que conforme nossa tecnologia está mudando constantemente, o modo como a usamos também muda- existem pessoas que mantém seus Livros das Sombras de forma completamente digital num flash drive, num laptop ou até mesmo guardado virtualmente para que possa ser acessado pelo seu dispositivo móvel favorito. Um LDS escrito num smartphone não tem menor valor do que um copiado por mão num caderno.

Você pode querer usar um caderno de anotações para informações copiadas de livros ou da internet, e outro para criações originais. De qualquer forma, ache o método que funciona melhor com você e cuide bem do seu Livro das Sombras. Afinal, é um objeto sagrado e deve ser tratado de tal forma!

Ritual de consagração do Livro das Sombras:

Você pode consagrar seu novo Livro das Sombras e Caneta(s) de Arte com um ritual simples:

Numa noite de Lua Nova, conjure um círculo mágico conforme você se sinta confortável de fazer, e pegue seu Livro das Sombras e as Canetas de Arte que deseja consagrar, junto de uma tigela de água sagrada, dentro do círculo. Com apenas luzes de velas, consagre seu equipamento de escrita mantendo suas mãos sobre o equipamento, palmas para baixo, e dizendo tais palavras:

Livro das Sombras, folhas em branco
Caneta de Arte com a ponta tão fina
Logo será preenchido com rituais de Sabbat
Encantos Mágicos e feitiços cantados
Dia após dia e noite após noite
Páginas em branco a Caneta de Arte irá preencher.

Então decore cada caneta, livro, etc., com um símbolo de sua escolha – pentagrama, lua crescente, triskele, etc – dizendo algo como:

A partir dessa noite de Lua
Eu dedico este livro e esta(s) caneta(s)
Aos Mistérios dos Antigos Caminhos
Como eu quiser, que assim seja!

Agora inscreva na primeira parte do livro com seu título, de qualquer forma que você desejar chama-lo, usando sua Caneta de Arte. Abaixo do título escreva a data em termos pagãos como “A Terceira Noite da Lua do Lobo, 1999,”- qualquer que seja a data, junto com qualquer coisa que você sinta que deve ir junto com o título.

(Este texto foi traduzido do blog The Blue Chicory)

"The light, the life, the strength, the harvest, gratefulness
In four moons the antlered one will go to rest."

("A luz, a vida, a força, a colheita, gratidão
Em quatro luas o chifrudo irá descansar.")


Neste post vamos abordar o significado dessa bela música da banda Eluveitie, Elembivos, assim como o que sua letra aborda e seu contexto histórico. A música é, em maior parte, instrumental, e o único verso se repete do começo ao fim da música. 


"Elembivos é a última estação do ciclo do ano. É a festa anunciando a vinda do Outono. É o momento em que colhemos os frutos do nosso trabalho e nos preparamos para o inverno. Ainda assim é um tempo, novamente, onde os poderes da natureza começam lentamente a luta eterna; como Esus está em seu caminho - impacientemente, ansiosamente, caçando desejosamente - para derrubar Tarvos Trigaranos, o qual será massacrado, mas ainda assim renascerá em Anagantios." - retirado do encarte do CD Slania (2008).

Quem é Tarvos Trigaranos?

Tarvos Trigaranus ou Taruos Trigaranos é uma figura divina que aparece num painel de relevo do Pilar dos Barqueiros - em inglês, Pillar of the Boatmen - como um touro com três garças empoleiradas em suas costas. Ele está em baixo de uma árvore, e em um painel adjacente, o deus Esus está cortando uma árvore, possivelmente um salgueiro, com um machado.

No Gaulês, taruos significa "touro", encontrado no Antigo Irlandês como tarb (/tarβ/), no Moderno Irlandês/Gaélico como tarbh e no Galês como tarw (comparado com "touro"em outras linguagens Indo-Europeias como no Latim taurus ou no Lituânio taŭras). Garanus é a garça (garan no Galês, Antigo Córnico e Bretão; relacionado ao geranos, o ritual da "dança da garça" da Grécia Antiga). Treis, ou tri-, simboliza o número três. 


Modelo de reconstrução do
Pilar dos Barqueiros no
Museu de Cluny.
Um pilar originado de Tréveris mostra um homem com um machado derrubando uma árvore na qual pousam três pássaros e a cabeça de um touro. A justaposição das imagens se compara aos painéis de Tarvos Trigaranus e Esus no monumento dos Barqueiros. É possível que a estátua do touro com três chifres, tal qual a originada de Autun (Borgonha, França, antigamente Augustodunum) estejam relacionadas com essa deidade.

O Pilar dos Barqueiros (em francês Pilier des nautes) é uma pedra de forma quadricular em baixo relevo com representações de várias deidades, Gaulesas e Romanas. Datada do primeiro quarto do século I a.C., estava originalmente em um templo na Gallo-Romana civitas de Lutetia (atual Paris, Fança), e é uma das primeiras peças representando arte Gaulesa que carrega uma inscrição escrita. Está à mostra no frigidarium das Termas de Cluny.

Escrito em Latim com algumas características do Gaulês, a inscrição mistura deidades Romanas com deuses que são distintamente gauleses. O pilar é datado por uma dedicação a Tiberius Caesar Augustus, que é, Tibério, que se tornou imperador em 14 a.C.. Foi situada publicamente (publice posierunt) por uma guilda de marinheiros de Lutetia, originada dos civitas de Parísios (nautae Parisiaci). Esses marinheiros eram mercadores que viajavam ao longo do rio Sena. 

A dedicatória principal é para Júpiter, sob a forma de lovis Optimus Maximus ("Amor Maior e Melhor"). Os nomes do imperador e da deidade suprema aparecem no caso dativo como os destinatários da dedicação. Os teônimos restantes são legendas no caso nominativo que acompanham descrições individuais dos deuses. Estes são: Jove, Tarvos Trigaranos (o Touro com três Garças), Volcanus (Vulcano), Esus, Cernunnos, Castor, Smertrios e Fortuna.


O relevo de Tarvus Triganarus
no Pilar dos Barqueiros.
Quem é Esus?

Esus ou Hesus foi um deus gaulês conhecido de duas estátuas monumentais e de uma linha em Bellum civile de Lucano. As duas estátuas no qual seu nome aparece são: o Pilar dos Barqueiros, entre os Parísios, e um pilar de Trier, entre os Tréveros. Em ambos, Esus está retratado cortando ramos de árvores com seu machado. Esus está acompanhado de diferentes painéis do Pilar dos Barqueiros, de Tarvos Trigaranus (o ‘touro com três grous’), Júpiter, Vulcano e de outros deuses.

Uma seção bem conhecida no Bellum civile de Lucano fala sobre as oferendas sacrificiais sangrentas proferidas à tríade de deidades célticas: Teutates, Hesus (uma forma aspirada de Esus) e Taranis. De uma dupla de comentaristas recentes sobre o trabalho de Lucano, um identifica Teutates com Mercúrio e Esus com Marte. De acordo com o Comentário Berne sobre Lucano, vítimas humanas foram dedicadas ao sacrifício para Esus por estarem amarradas a uma árvore e malhadas.


O escritor médico gálico Marcellus de Bordeaux pode oferecer uma outra referência textual à Esus em seu De medicamentis, um compêndio de preparações farmalógicas escritas em Latim no início do século 5 e a única fonte para várias palavras celtas. O trabalho contém um talismã mágico-médico decifrável em gaulês como o que aparece é invocar o auxílio de Esus (pronuciado Eisus) na cura de problema de garganta.
O nome dado "Esunertus" ("a força de Esus") ocorre pelo menos uma vez como um epíteto de Mercúrio em uma inscrição dedicatória. É possível que os Esúvios da Gália, na área atual da Normandia, tomaram seu nome desta deidade.


Interpretações sobre Esus:

John Arnott MacCulloch resumiu o estado das interpretações acadêmicas de Esus por volta de 1911 nos seguintes termos:

M. Reinach aplica uma fórmula aos assuntos destes altares—"O Divino madeireiro derruba a Árvore do Touro com Três Grous." O todo representa algum mito desconhecido para nós, mas M. D'Arbois o encontra alguma alusão aos eventos na saga Cúchulainn. Na imaginação, o touro e a árvore são talvez ambos divinos, e se o animal, como as imagens do touro divino, é dotado de três cornos, então os três grous (garanus, "grou") pode ser um rebus para uma (trikeras) de três chifres, ou mais provavelmente um (trikarenos) de três cabeças. Neste caso, o marceneiro, árvore, e touro poderiam todos ser representantes de um deus da vegetação. 

Em rituais primitivos, representantes humanos, animais ou arbóreos do deus eram periodicamente destruídos para assegurar a fertilidade, mas quando o deus se tornou separado destes representantes, a destruição ou o assassínio, foram vistos como um sacrifício ao deus, e mitos surgiram contando como ele tinha uma vez massacrado o animal. Neste caso, árvore e touro, realmente idênticos, seriam miticamente vistos como destruídos pelo deus a quem eles uma vez representaram. Se Esus era um deus da vegetação, uma vez representado por uma árvore, isto explicaria porque, como o escolástico sobre Lucano relata, sacrifícios humanos à Esus foram suspensos em uma árvore. 

Esus foi cultuado em Paris e em Trèves; uma moeda com o nome Æsus foi encontrada na Inglaterra; e nomes pessoais como Esugenos, "filho de Esus," e Esunertus, "aquele que tem a força de Esus," ocorrem na Inglaterra, França e Suíça. Deste modo o culto a este deus pode ter sido comparativamente muito difundido. Mas não há evidência de que ele era um Jeová céltico ou um membro, com Teutates e Taranis, de uma tríade pan-céltica, ou que esta tríade, introduzida por gauleses, não era aceita pelos druidas. Tal grande tríade existiu, em alguma ocasião da ocorrência dos três nomes em uma inscrição certamente teria sido encontrada. Lucano não se refere aos deuses como uma tríade, nem como deuses de todos os celtas, ou mesmo de uma tribo. Ele põe ênfase meramente no fato de que eles eram cultuados com sacrifício humano, e eram deuses locais mais ou menos conhecidos."

No Neo-Druidismo:

O reapresentador druídico do século 18 Iolo Morgannwg identificou Esus com Jesus pela força da semelhança de seus nomes. Também ligou ambos a Hu Gadarn, escrevendo:
“Ambos Hu e HUON foram sem dúvida originalmente idênticos a HEUS de Lactantius e a HESUS de Lucano, descritos como deuses dos gauleses. A semelhança do último nome para IESU [galês: Jesus] é óbvia e admirável.”
Esta identificação é ainda feita em certos círculos neo-druídicos. Acadêmicos modernos consideram a semelhança entre os nomes Esus e Jesus ser coincidental.

O que é Anagantios?
Anagantios é o quarto mês do ano durante a Proto-História Celta, que começa com Samonios e marcado pela festa religiosa de Samain. É constituído por 29 dias. Ele ocorre entre os meses de Riuros e Ogronios. Ele corresponde aproximadamente a fevereiro do calendário gregoriano. (ver: http://www.livingmyths.com/Celticyear.htm)


Fontes: Wikipédia, LivingMyths e Songmeanings.

Quem curte Folk Metal, assim como eu, deve conhecer a banda Eluveitie. Formada na Suíça, a banda costuma usar vários instrumentos musicais celtas em suas composições, assim como cantam em gaulês, uma língua extinta. Contam em seus álbuns histórias do povo celta e seus confrontos com os romanos. Uma dessas músicas se chama "Desumiis Luge", de tradução "Eu juro por Lugh". Lugh, pra quem não conhece, deus celta a qual dedicam a primeira colheita do ano, o festival de Lughnasad. Seu nome significa "Luz", pois é brilhante como o Sol. Acredita-se que na segunda metade do ano Lugh está longe de nós, por isso temos a parte escura, a celebração do Yule, onde acendemos fogueiras e pedimos a volta de Lugh.

Essa música traz a adaptação de um texto antigo em gaulês amaldiçoando alguns líderes romanos durante as Guerras Gaulesas. O texto foi encontrado em um pedaço de chumbo de 4 a 6 centímetros, encontrado em Chalmiers. O texto também se encontra no livro "War, Women and Druids: Eyewitness Reports And Early Accounts of the Ancient Celts" (Guerra, Mulheres e Druidas: Testemunhas Oculares e Registros Iniciais dos Antigos Celtas) de Philip Freeman.

TEXTO ORIGINAL:
L-100 (Chamalières, Puy-de-Dôme):
[by D. Stifter]
andedíon uediíumí diíiuion risun
artiumapon arueriíatin [oder aritu?]
lopites sní eddic sos brixtía anderon [or lotites?]
clucionfloron nigrínon adgarion aemilí
on paterin claudíon legitumon caelion
pelign claudío pelign marcion uictorin asiatí
con addedillí etic se couitoncnaman [or poncnaman?]
tonc siíontío meíon ponc se sit bue
tid ollon reguccambion exsops
pissíiumí tsoc cantírtssu ison son [or rissuis onson?]
bissíet luge dessummiíis luge
dessumíis luge dessumíís luxe

TRADUÇÃO PARA O INGLÊS:
I invoke the god Maponos auertiis. Through the magic of the underworld gods.
C. Lucius Florus, Nigrinus the speaker, Aemilius Paterinus, Claudius Legitumus, Caelios Pelignus, Claudios Pelignus, Marcius Victorinus, and Asiaticus son of Adsedillus, and all those who had sworn that fak oath.
The oath they will swear - the small shall become great, the crooked become straight, and, though blind, I will see. With this tablet of incantation this will be...

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS:
(Essa tradução é bem literal e feita por mim, pois todas as fontes das músicas e textos são em inglês.)
Eu invoco o deus Maponos Avernatis, através da magia dos deuses do Outro Mundo.
C. Lucius Florus, Nigrinus o Orador, Aemilius Paterinus, Claudius Legitimus, Caelios Pelignus, Claudio Pelignus, Marcius o Vitorioso, e Asiaticus filho de Adsedillus, e todos aqueles que fizeram o juramento.
O juramento que farão - o pequeno se tornará grande, o torto se 
endireitará, e, apesar de cego, eu verei. Com essa tabuleta encantada, isso acontecerá...


LETRA DA MÚSICA DA BANDA ELUVEITIE - DESUMIIS LUGE:
Andedion uediíumi diíiuion risun
Artiu mapon aruerriíatin, mapon aruerriíatin
Lopites sní eððdic sos brixtía anderon
Lucion floron nigrinon adgarion
Aemilíon paterin claudíon legitumon caelion pelign claudío pelign
Marcion uictorin asiatícon aððedillí
Lucion floron nigrinon adgarion
Aemilíon paterin claudíon legitumon caelion pelign claudío pelign
Marcion uictorin asiatícon aððedillí
Andedion uediíumi diíiuion risun
Artiu mapon aruerriíatin, mapon aruerriíatin
Lopites sní eððdic sos brixtía anderon
Etic secoui toncnaman toncsiíontío meíon toncsesit
Buetid ollon reguccambion exsops pissíiumítsoccaantí rissuis
Onson bissíet luge dessummiíis luge, dessumíis luge dessumíís luxe
Dessumíis luge, dessumíis luge, dessumíis luge

TRADUÇÃO PARA O INGLÊS:
I invoke the great god and lord Mapon Aruerriiatin
Through the magic of the underworld gods
To torture the souls of
Lucius Florius Nigrinon the Speaker
Æmilíus Paterinnus Claudíus Legitimmus Caelius Pelinnus Claudíus Pelinnus
Marcion the Victorious and Asiatícon son of Aððedillios
Lucius Florius Nigrinon the Speaker
Æmilíus Paterinnus Claudíus Legitimmus Caelius Pelinnus Claudíus Pelinnus
Marcion the Victorious and Asiatícon son of Aððedillios
I invoke the great god and lord Mapon Aruerriiatin
Through the magic of the underworld gods
To torture the souls of
And everyone who swore that fake oath
For the first that swore there will be for them an entire deformation
Before Lugh I swear this, I swear on Lugh I swear on Lugh I swear on Lugh.

(Aqui não há necessidade de tradução para o português, pois o texto que inspirou a música já foi traduzido e contém a mesma ideia, as mesmas frases, como já havia mencionado, é uma adaptação.)

TRADUÇÃO PARA O INGLÊS ALTERNATIVA DA TÁBUA DE CHALMIERS:
I beseech the very divine, the divine Maponos Avernatis 
by means of the magic tablet: 
quicken us, those by the magic of the underworld spirits. 
C. Lucios, Floros Nigrinos the invoker, 
Aemilios Paterinos, Claudios Legitumos, Caelios Pelignos, 
Claudios Pelignos, Marcios Victorinos, Asiaticos son of Aedillos. 
And it is the destiny of the Victor to which they shall be destined; 
the center (?) when he sows it (?) 
shall be whole; 
I right the wrong blindly 
thus by means of this tablet I shall see what shall be. 
By Lugus I prepare them; 
by Lugus I prepare them; 
by Lugus I prepare them, 

by the light. 

Que, no português mais simples ficaria:
Eu rogo pelo mais divino, o divino Maponos Avernatis
através da tabuleta mágica
desperta-nos, aqueles pela magia dos espíritos do Outro Mundo
C. Lucios, Floros Nigrinos o Invocador
Aemilios Paterinos, Claudios Legitumos, Caelios Pelignos,
E é o destino de Victor ao qual eles devem ser destinados
o centro (?) quando ele semeia-o (?)
será completo
Eu consertei o errado cegamente
Assim por meio dessa tabuleta eu verei o que acontecerá
Por Lugus eu os preparo;
por Lugus eu os preparo;
por Lugus eu os preparo,
pela Luz.

Infelizmente o site que fornecia informações sobre essa tabuleta, fotos e traduções está fora do ar, todas as informações aqui eu consegui no fórum da banda Eluveitie e no fórum Rome Wiki. Também não possuo o livro mencionado acima, então não encontrei nenhuma foto da tabuleta para postar. (/sad)

Se você possui algo que possa complementar o texto, deixe nos comentários. 

Benção dos Deuses sobre você e a sua casa.


Foto retirada da decoração do Caldeirão de Gundestrup

Muitas pessoas chegam até a minha pessoa e perguntam: mas o que é o druidismo? Quem eram os druidas? Hoje ainda existem druidas? Como vivem os druidas? Então, diante de tantas dúvidas, resolvi fazer esse texto explicando melhor tudo isso.

O que é druidismo?

O druidismo é um nome dado a um caminho espiritual, nascido do povo celta, que cultua e respeita os espíritos da natureza, os deuses e seus ancestrais. Mas devemos ressaltar aqui, que existem variações do druidismo. Ele nasceu no povo celta, os deuses cultuados são os deuses celtas, as tradições são as tradições do povo celta, e por aí vai. O que temos hoje é o que chamamos de neodruidismo, um druidismo renascido e resgatado, que mantém suas raízes nos antigos costumes. Quanto ao culto aos deuses, não existe somente druidas que cultuam vários deuses: existem aqueles que não creem em nenhuma divindade, apenas na espiritualidade da natureza, e também aqueles que acreditam em um deus único. Entretanto, a raiz do druidismo traz o culto a vários deuses. 

O druidismo é muito parecido com o xamanismo, pois ele também é animista, ou seja, acredita que tudo neste mundo possua uma alma. Também é totemista, ou seja, acredita que existam espíritos na forma de animais para nos auxiliar. Também acreditam no contato com os ancestrais, e nas inúmeras lições que podemos aprender com todos esses meios. Mas se o druidismo tem tudo isso em comum com o xamanismo, qual é a diferença entre eles? Por que não é melhor simplesmente seguir o xamanismo? A diferença entre essas duas crenças está nas raízes, pois o druidismo carrega não apenas esses pilares, como também as tradições e ensinamentos do povo celta. Tanto que quem segue o druidismo nos dias atuais, tem uma grande conexão com a cultura dos celtas, seus costumes, comemorações e tradições. Para quem tem familiaridade com os festejos da Roda do Ano – Yule, Samhain, Imbolc, etc – saibam que esses feriados derivaram dos celtas. 

Quem eram os druidas? 

Os druidas eram uma espécie de classe dentro da sociedade celta que lidava com a espiritualidade e religião de seu povo. Eles exerciam vários papéis importantes como de juiz, médico, conselheiro, mago, e outras funções. Isso os tornava parte indispensável da sociedade. Eram pessoas com um grande conhecimento, responsáveis por guardar as tradições e as passar adiante, de geração pra geração, e por possuírem tanto conhecimento também eram considerados cientistas, filósofos, teólogos e intelectuais. 

O povo celta viveu na Europa, espalhando-se para o Oeste a partir do segundo milênio antes de Cristo. Não possuíam um líder único, eram organizados em vários povos ou tribos, onde tais tribos possuía seu próprio chefe. Muitas tribos se diferenciavam em vários aspectos, por exemplo, o mesmo deus de uma tribo tinha aspecto e nome diferente em outra. Suas tradições eram passadas oralmente, um dos motivos para termos tão pouco material sobre esse povo atualmente. Outro motivo que contribuiu muito para isso foi a destruição da cultura celta pelo povo romano, quando foram invadindo e tomando as terras da Europa lá pelo séc I antes de Cristo. 

Os druidas eram responsáveis por cerimônias religiosas e pelos rituais em suas tribos, também sendo responsáveis por qualquer julgamento que houvesse. Por isso eram considerados os conselheiros e filósofos da tribo, além de praticarem a arte da cura. A palavra “druida” tem sua origem etimológica do vocabulário dru-wid-s, junção de deru (carvalho) e wid (raiz indo-europeia que significa saber). Ou seja, druida seria aquele que tem a sabedoria do carvalho. Mas por que carvalho? O carvalho é uma árvore sagrada para os druidas, pois é a árvore mais velha da floresta, a que vive por mais tempo, e por isso ela carrega consigo grande conhecimento e sabedoria. 

Infelizmente, muito do conhecimento dos druidas foi destruído durante as guerras com os romanos, então muito pouco se sabe sobre eles, e sua origem ainda é um mistério. Mas sabemos que pertenciam aos povos celtas, estes que eram politeístas, portanto o druidismo em sua essência é politeísta. Por mais que haja druidas que mantenham outras crenças, não devemos nos enganar em pensar que o druidismo é monoteísta ou está associado a alguma religião de cunho monoteísta. O que acontece é que muito da cultura celta foi associado a outras religiões, e temos vários aspectos pagãos, que eu vou tratar em outro post. O Natal cristão, por exemplo, é puramente celta (só para deixar vocês com um gostinho :p). 

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