Tudo parecia um grande borrão diante de meus olhos. E meus ouvidos pareciam ignorar os sons que recebiam, ou talvez fosse apenas meu cérebro falhando em interpretar todos os sinais sensoriais que estavam a minha volta, como se num lapso, tivesse esquecido de sua função. Uma crise de identidade? Achei que isso estivesse ligado apenas a nossa consciência. Quando percebi que estava em meu corpo, meus olhos passearam ao redor curiosos, como se tivessem sido privados de explorar o mundo por uma eternidade. Uma explosão de cores vivas e faces que, apesar de parecerem familiares, eu não conhecia, mas ao contrário de mim todas as pessoas ali pareciam me conhecer. Elas perambulavam pelo local - todas do sexo feminino - em roupas simples, mas extremamente bem cuidadas, dando a impressão de terem sido tecidas por mãos divinas. Antes que pudesse me dar conta, todos os olhares estavam voltados para mim, da cabeça aos pés, analisando detalhes dos quais eu jamais teria capacidade de notar. Estas mulheres se mantinham em seu trabalho enquanto cochichavam coisas sem muito sentido, mas que pareciam algo normal em suas vidas: a chegada do dia, a ira de um homem, o caminho da morte. Apesar de discutirem profundamente sobre os eventos cotidianos, suas atenções não se desviavam do trabalho que estavam fazendo, puxando linhas e tecidos, amarrando fitas, arranjando flores incessantemente até que tudo parecesse perfeito.

O lugar era belo em toda a sua complexidade, e olhar para todas as minúcias enchia a minha boca com palavras como a saliva preenche a boca daqueles que avistam um grande banquete em suas vidas. Mas as palavras não saíram dali. Restava a mim observar a tudo calada, com o grande sentimento de estar perdida em um lugar que eu tão bem conhecia - contudo, não me lembrava. Flores das mais diversas formas e cores que emanavam os mais deliciosos aromas, cortinas de seda e de tecidos que de alguma maneira eu sabia que não pertenciam a meu mundo. Vasos e esculturas ricas em detalhes, em tons pastéis que harmonizavam com os móveis feitos em madeira, estes assim decorados com cores tão vivas quanto as das flores ao redor. Tudo ali parecia muito confortável e belo. Após o silêncio da contemplação, vieram as dúvidas: por que estou aqui? O que estou fazendo aqui? Por que estão me vestindo e me enfeitando dessa forma? - Algo não estava no lugar. Nada se encaixava. Eu deveria saber. Meu peito se enchia de ar numa inspiração profunda, porém esse mesmo ar se desfazia na minha boca em meio a murmúrios e sons desconexos. 

- Está tudo bem? - uma das jovens falou num tom mais alto, claramente se dirigindo a mim. 
- Ela só está nervosa. - a outra a seu lado respondeu, cuja aparência se fazia mais velha e madura. 

Ambas riram baixinho e voltaram a cochichar sobre experiências tediosas que renderiam ótimos livros de fantasia. De repente se calaram, despertando minha curiosidade, mas por medo de estragar o trabalho que elas estavam realizando, permaneci parada e resisti à tentação de virar de costas, esperando ansiosamente para que notassem minha feição de curiosidade e saciassem-na. O barulho do tecido arrastando pelo chão misturado aos passos fez minha espinha congelar, e ao perceber que algumas das moças no local se viraram e se curvaram em respeito, minha curiosidade falou mais alto. Puxei um pouco do vestido de cada lado e fui me virando cuidadosamente, obtendo ajuda de uma das moças. Ergui minhas sobrancelhas num gesto de agradecimento e encarei a mulher que caminhava em minha direção com um sorriso no rosto ao qual eu não sabia dizer o que necessariamente representava. Entretanto, sua aura era tão poderosa que fez meu coração palpitar como o de uma jovem adolescente encontrando seu primeiro amor. Sua feição de calmaria e plenitude me intrigava, pois ao mesmo tempo que tal feição fosse como A Manhã de Peer Gynt, seu olhar era feroz e parecia emanar um fogo capaz de moldar qualquer metal neste universo. Pássaros a acompanhavam, entrando por entre as cortinas para observar tamanha beleza. Seus cabelos ondulados me traziam a reminiscência de um mar em infinito movimento, e o dourado das mechas me faziam pensar numa manhã de sol que nunca existiu. Perdida em tanta admiração, tentei reproduzir o gesto que as jovens ao meu redor realizavam, curvando-me o máximo que a roupa a qual eu vestia permitia. Devo ressaltar a este ponto que meu corpo nunca fora do mais adepto a roupas elegantes e espalhafatosas, e que nada que restringisse meus movimentos durava por muito tempo. Como um monstro adormecido, aquele incômodo ali permanecia em silêncio, calado por todo o estouro dos acontecimentos recentes. Depois de alguns segundos naquela posição de reverência, notei que a expressão da mulher era de curiosidade, como se ela estivesse surpresa ao me ver curvada daquela forma. Ainda que sentia que jamais nos equipararíamos, pois sua energia estava acima de todas as coisas, talvez tivéssemos alguma espécie de laço de amizade.

Ela trazia em suas mãos um adereço dourado circular preso a um grande tecido branco, ofuscado pelas jóias em seus dedos e pulsos, mas ainda assim belo. Nada se comparava a sua beleza, muito embora todas as peças daquele quebra-cabeças fossem de grandiosa beleza. E isso era angustiante. O mais impressionante naquele local era como o tempo passava: lentamente em sua maneira mais normal possível. Não havia pressa, não haviam compromissos de amanhã, chegar cedo no trabalho, entregar relatórios, nada destas coisas de nosso mundo importavam para os seres que ali moravam. Era como se o tempo fosse... Eterno. Ainda que estivesse parado, ele fluía numa dança magnífica, mudando as estações, regendo o movimento dos astros. Tal tempo fluiu nos passos da rainha em minha frente e enquanto recuperava minha postura, meus ouvidos se recusaram a entender o que esta dizia. As jovens continuavam em silêncio, deixando apenas a voz doce da mulher de cabelos dourados soasse por todo o local. Até mesmo os pássaros cessaram em seu canto. Seus dedos da mão esquerda tocaram meu rosto, erguendo meu queixo enquanto seus olhos penetrantes analisavam minha feição perplexa. Minhas bochechas coraram tanto a ponto de sentir minha pele queimando em meio à vergonha de estar disposta para tal análise de alguém tão importante, e por ter me dado conta disto foi que não consegui olhar em seus olhos, procurando refúgio. Resolvi olhar por trás de seus ombros e avistei um enorme campo por entre as cortinas, onde os raios de sol tocavam gentilmente a grama. O tempo novamente parecia estar congelado em meio a vultos e borrões e sons que meu cérebro mais uma vez falhara em interpretar. Mas enquanto este tempo para mim estava paralisado, ele corria inabalável para todo o resto do mundo, e dentre aquela confusão temporal me peguei com o rosto semicoberto, e minha visão que uma vez contemplava a paisagem lá fora, parcialmente obstruída. 

O meu mundo só voltou ao normal quando a adição de outra pessoa no recinto, que em meio a passos ásperos chamou minha atenção. De alguma forma, senti meu coração palpitar da mesma maneira de antes, mas já não era mais meu coração ali, e sim algum tipo de corpo celeste que queimava minhas entranhas e puxava minha alma em um ritual gravitacional que não parecia ter fim. Minhas mãos procuraram algo para me apoiar e encontraram o braço de uma cadeira, enquanto desta vez nenhum dos olhares parecia estar voltado para mim. Intrigada por tal fato, tentei remover o pano que cobria parte de meu rosto e fui repreendida pela mulher que o segurava, através de um leve tapa em meus dedos. Meu espírito, cheio de energia, gritava em curiosidade, perguntando-me: quem é que está ali? Por que todos os olhares se voltam ao seu ser? Por que não a deixam olhar também? E novamente, o incômodo das vestes apertadas e pesadas viera a falar, porém mais uma vez o mesmo fora calado. 

- Você não deveria estar aqui, ... - disse a mulher.

Espaço em branco. Era como se todos ali falassem uma língua a qual eu não tinha conhecimento total, portanto algumas palavras se tornavam signos impossíveis de serem interpretados. Nem mesmo se eu quisesse conseguiria reproduzir o som dessas sílabas perdidas. A curiosidade me incomodava tanto e meus olhos fitavam a única brecha disponível abaixo destes, o que para minha felicidade ainda permitia que eu observasse algo. E assim vi os pés de um homem, calçados por uma espécie de sandália em tom dourado, tal como os cabelos da mulher que viera me entregar o adereço e o colocar em minha cabeça. Estava encostado em um dos pilares, como se estivesse descansando, e em resposta à mulher ele riu, tocando no chão a com ponta de uma espada cuja lâmina parecia ter cortado por muitos caminhos. Com a outra mão, largou um equipamento carregado de flechas tão douradas e se não mais que a vestimenta de seus pés, e a tal ponto eu já não confiava mais no que meus olhos viam, pois estes juravam que alguma luz emanava do rapaz e refletiam nos detalhes dourados de suas armas, seus reflexos passeando por todo o ambiente à procura de meus olhos, que se cerraram num gesto único. 

Outra confusão me distraiu enquanto meus olhos fechados doíam com o reflexo da luz dourada. As pálpebras pressionadas pareciam reproduzir um zumbido em meu cérebro e este permanecia incapaz de entender todos os sinais em minha volta. Eventualmente o homem respondera e as jovens reproduziam risinhos animados mais uma vez, voltando ao trabalho de antes, desta vez havia algo ali que provavelmente as desconcertava, pois uma delas errara por me espetar na mão, a qual puxei rapidamente num gesto de dor. Contudo, minha mente estava tão perdida que eu não pude perceber se houve algum pedido de desculpas ou retratação pelo ato, e tudo o que me restava de sanidade tentava compreender o que os dois seres de energia majoritária conversavam. 

- Ela está bela? Por que não posso ver? 

Abri os olhos, mas não conseguia enxergar mais nada além do pano que ajustavam em minha cabeça. 

- ... pura? ... enquanto... escuridão... laços... ansioso... ela deve. 

As palavras ecoavam, desconexas.

- Assim realizarei seu desejo, Hera, e me retirarei. - então o silêncio voltara, deixando um vazio estranho com o qual me puxou de volta para minha plena consciência. Algo que me falhava na percepção havia acontecido, pois o ambiente já não estava mais o mesmo. O tempo continuava correndo como se nada pudesse o abalar, ao passo que as jovens continuavam realizando seu trabalho. O pano por fim fora ajustado ao redor de minha cabeça, cobrindo boa parte de minhas costas, e deixando meus olhos livres mais uma vez. Entretanto, nada mais parecia tão interessante quanto antes, e tediosamente esperei por todos os apreços em forma de adereços serem anexados ao tecido, pequenas flores tão delicadas que o medo de tocá-las e estas se desfazerem era enorme. 

Por fim no que a mulher - que agora, descoberto seu nome, chamava-se Hera - ajustava com seus delicados dedos o tecido entre minhas mechas escuras, duas de suas súbitas - não se apegue a títulos, tudo o que sei era que eram submissas à mesma - começaram a passar fitas longas de seda na parte de trás do traje, e em cada puxada, meu tórax era comprimido. O que não seria um problema, não fosse a sensação explosiva que tomava conta de meu peito. 

Minha boca procurava o ar erguendo-se numa súplica enquanto as palavras não saíam por nada, e meu pulmão tentava se expandir, cada vez mais sendo comprimido. Os braços gesticulavam de forma desesperada e eu já não tinha mais controle sobre estes, pois eles assumiram uma posição de luta ao saber que meu cérebro não estava apto para reagir ao perigo. Hera me olhou curiosa, indagando:

- O que está acontecendo? 
- N... Não... - assim saiu a primeira palavra de minha boca depois de todo aquele tempo, enquanto meus olhos, arregalados, a fitavam. 
- Não? O que houve com seu olhar? Por que o pânico? 
Meus olhos marejaram. - Não... 
- Está pensando em desistir? Mas vocês sempre foram tão

Minha visão escureceu, e assim como o sol que dá espaço para a lua durante a noite, minha consciência também deu espaço... Para o nada. A única sensação que ficara comigo até meu último respirar fora a de ter meu peito esmagado pelos pés de dez mil soldados. 

E por fim desmaiei. 
Oi pessoal, tudo bem? Hoje vamos falar sobre luas, em específico a Lua Cheia. Os nomes de cada Lua Cheia tem sua origem nas tribo dos nativo americanos, no atual norte e leste dos Estados Unidos. As tribos acompanhavam as estações do ano ao dar nomes distintos a cada Lua Cheia recorrente, e seus nomes eram aplicados ao mês inteiro onde cada lua ocorria. Como o mês lunar tem apenas 29 dias em média, as datas de cada Lua Cheia mudam de ano pra ano.

Esse mês de maio nós temos a Lua Gélida, ou Frosty Moon em inglês. Se vocês procurarem na internet verão que o mês de maio é reservado pra Lua de Flores, mas isso é porque no Hemisfério Norte as estações são completamente diferentes, como estamos a caminho do inverno (apesar de não termos um inverno de verdade, com neve e tudo mais), e, obviamente, estamos no Hemisfério Sul, as datas mudam. É a mesma coisa que rola com a Roda Norte/Sul e os Sabbats.

Tá, mas o que isso significa?

A Lua Gélida, também conhecida por Lua Cheia do Castor, data uma época onde os nativos da América do Norte colocavam armadilhas para castores antes que os pântanos congelassem, para que assim eles tivessem suprimentos suficientes para passar o inverno, como carne e pele para se aquecerem. Outra interpretação é de que o nome Lua Cheia do Castor vem do fato de que os castores nessa época estão se preparando para o inverno.

E como podemos aplicar esse conhecimento no nosso dia a dia dentro da Arte?

A Lua Gélida traz com ela os primeiros sussurros de relaxamento, vestindo a nossa vida diária com uma gentil quietude. Ela faz com que nos acalmemos e entremos em um estado de reflexão, revisando tudo que aprendemos até então. Nos traz paz, ajudando-nos a nos livrarmos de impurezas e padrões de pensamentos antigos para que possamos nos entregar a uma sagrada cura profunda. Pedras carregadas sob esta lua trarão calmaria e paz.

Boa para feitiços de banimento, introspecção. Pensem na preparação pro inverno, vocês já colheram o que plantaram e agora estão se preparando pra um momento de tranquilidade. Antes de entrarem de cabeça nesse período de reclusão, tirem um último momento para analisarem a si mesmos e o que vocês fizeram até então. Estão satisfeitos com os resultados? Analisem-se, expulsem o que não pertence mais a vocês, e relaxem. A Lua Gélida nos fala de um momento de paz interior, mas também de auto análise e frias verdades. O inverno chega, eventualmente, para todos.



Bênçãos dos Deuses.


Quando você ouve a palavra druidismo, você tende a pensar que quem pratica a religião é um druida. Essa afirmação está parcialmente correta. Existem druidas no druidismo, mas não são todas as pessoas que podem se afirmar druidas dentro da religião. Na verdade, o ofício de druida é um dos mais complexos no druidismo.

Mas se não são druidas, o que são?

Dentro do druidismo, existem três ofícios – o número três é um número sagrado na religião – os bardos, ovates e druidas. Além desses três, existe o nome dado à pessoa que estuda os princípios druídicos, mas ainda não assumiu nenhum ofício ou não pretende assumir: essas pessoas podem ser chamadas de druidistas. Na sociedade celta esses ofícios não eram tratados como uma hierarquia, entretanto eram aprendidos nessa ordem descrita, ou seja, primeiro bardo, depois ovate e por último druida. Hoje em dia, em muitas ordens druídicas, o praticante tem a opção de se iniciar nos três ofícios, ou ir até um caminho e ficar por ali mesmo. Exemplo: você pode se iniciar como bardo e realizar esse ofício na comunidade apenas, mas se você deseja se iniciar como druida, terá de passar antes pelas iniciações de bardo e ovate primeiro.

O que são os bardos?

Nos tempos antigos, os bardos eram os guardiões da tradição, da memória de sua tribo – eles mantinham a sacralidade da Palavra. Embora eles representassem o primeiro nível de aprendizado de um druida, nós não devemos cometer o erro de pensar que um bardo era de algum modo inferior ao resto. Antigamente o bardo era um poeta e contador de histórias que era treinado em um colégio de bardos. Atualmente, um bardo é aquele que enxerga a criatividade como uma habilidade espiritual natural e que escolhe nutrir essa habilidade parcial ou inteiramente no druidismo. A arte é a palavra-chave: músicas, danças, poemas, textos, imagens, até mesmo fotografia podem ser instrumentos de um bardo.


O que são os ovates?

Creio eu que dos três ofícios este é o menos conhecido na nossa cultura brasileira. Conhecemos os bardos e druidas de classes de jogos de RPG – embora não tenham muito a ver com os bardos e druidas do mundo real – mas não temos ideia do que possa ser um ovate. São apenas mencionados em séries, livros e filmes que já possuem uma conexão com o mundo celta – por exemplo, em As Aventuras de Merlin, um “vate” aparece para dar uma visão para o mago de que Arthur estaria sendo encaminhado para uma armadilha.

A palavra vate tem a mesma origem do verbo “vaticinar” em português, que significa prever, anunciar, predizer. Nos tempos antigos, um ovate era um profeta, vidente, curandeiro e adivinho. Atualmente, um ovate é aquele que estuda ou pratica herbalismo, cura e adivinhação dentro do contexto druídico, ou que entrou no nível de treinamento ovate dentro de uma ordem druida. Ovates podem se utilizar de vários métodos de adivinhação: oráculo, runas, tarot. É comum que um ovate seja praticante do xamanismo e de outras artes que tenham por fim a cura e a divinação. Em geral se levam de dois a três anos para concluir o treinamento de ovate.


O que são os druidas?

Como já escrevi neste blog, a palavra druida quer dizer “aquele que tem a sabedoria do carvalho”. Nos tempos antigos o druida era um filósofo, professor, conselheiro e magista. Atualmente é aquele que chegou no último nível de treinamento, o de treinamento druida, e mesmo hoje em dia ainda se levam bons anos para ser treinado como druida em várias ordens. Isso porque um druida precisa ser uma pessoa sábia, que carrega conhecimento e experiência, afinal são eles que conduzem os rituais, aconselham e ensinam as pessoas de sua tribo. Nos povos antigos celtas, os druidas eram considerados médicos, juízes, conselheiros e muitas vezes a palavra de um druida tinha mais peso do que um rei ou rainha, por exemplo. Eram pessoas muito prestigiadas por sua sabedoria e trabalho na tribo. Então, hoje não pode ser muito diferente, um druida atual tem como responsabilidade cuidar de sua tribo com todo o conhecimento que acumulou ao longo dos anos e agir como um diplomata. Druidas em geral são sacerdotes poderosos e você faz bem de respeitá-los caso encontre com um.

Conclusão

Dentro da tribo, três ofícios são realizados pelos seguidores do druidismo: o ofício de bardo, de ovate e de druida. Devemos tratar com respeito cada ofício e não assumir que um seja superior ao outro, pois o druidismo se trata de servir e não de ser servido. Cada papel é de extrema importância na tribo e contribui para um propósito maior. Usamos nossos conhecimentos para crescermos e nos curarmos pessoalmente, mas também para ajudarmos as pessoas ao nosso redor a crescerem e serem curadas também, para que então possamos curar o mundo.


Bênção dos Deuses.

Agradeço aos sites Druidismo.com e Druidry.org pela inspiração.
No último post eu dei uma breve descrição de quatro tipos de animais de poder principais: o permanente, ou o totem animal, o mensageiro, o temporário e o que será descrito hoje: o animal sombra.

O que é a energia de um Animal Sombra?

São animais que nos desafiam de certo modo. Nós temos medo deles ou simplesmente não gostamos. É um sentimento irracional de repulsão ou desgosto. São animais que às vezes matamos, ou evitamos; aqueles que ao aparecerem na televisão nós simplesmente mudamos de canal ou desligamos, e podem aparecer em nossos pesadelos ou até mesmo nos atacar. Nós temos medo desses animais porque eles possuem lições para nos ensinar das quais não queremos aprender. Tememos o que o animal tem para dizer sobre nós mesmos, e comumente nos forçam a enfrentar duras verdades sobre nosso caráter, personalidade e comportamento. Geralmente o que nós não gostamos no animal sombra reflete naquilo que nós não gostamos em nós mesmos, ou representa algo que nos aconteceu ou está acontecendo, que nos parece desgostoso e doloroso. Em casos extremos, desenvolvemos fobias desses animais, ou até mesmo pior, começamos a querer exterminá-los em massa caso tenhamos a oportunidade.

É chamado de “sombra” porque assim como os aspectos da nossa vida que não gostamos, é também comumente marginalizado e ignorado. Até mesmo pessoas com uma vida espiritual possuem dificuldade em confrontar e trabalhar com seu animal sombra. É possível ter mais de um animal sombra, e também é possível que eles mudem durante a vida; praticamente todos possuem um animal sombra, e em alguns casos é mais fácil saber alguns animais que temos problemas mais do que outros, pois são animais que confrontamos regularmente como aranhas ou moscas. Às vezes pode ser mais difícil, como um animal que é facilmente evitado porque só se encontra em algum lugar específico, no zoológico ou nos livros.

Animais Sombra mais comuns:

- Formiga
- Pulga
- Abelha
- Vespa
- Mosquito
- Mosca
- Carrapato
- Aranha
- Cobra
- Cavalo
- Corvo (Corvus corax/ Corvus brachyrynchos)
- Lobo
- Hiena
- Cuco

Existem vários outros! Você pode pensar sobre medos e desgostos do passado e assimilar com animal sombra também.

Faça a si mesmo uma pergunta: se você tem medo de aranhas, você precisa ser bem específico. Você teme TODAS as aranhas? Ou apenas as venenosas? Ou as rápidas? Ou as tarantulas enormes? Você teme todas as vespas? Até mesmo aquelas que você nunca viu? Por que? E os cucos, você odeia eles porque eles empurram ovos pra fora do ninho? Ou porque acha eles feios?

Faça perguntas relevantes a si mesmo, o motive de você temer ou não gostar do animal. Comece com perguntas simples. Escreva as respostas dessas perguntas e então você pode começar a diminuir a natureza do seu medo:

Que tipo de ‘animal’ é?
Como ele se parece?
Como ele age?
Como ele se move?
Ele pode me machucar?
Eu tenho medo ou odeio ele tanto quanto outros animais que podem me machucar ou da mesma maneira?


Medicina Poderosa

Não é preciso nem dizer: um dos exercícios mais poderosos que podemos fazer é confrontar nossos aspectos sombrios e trabalhar com eles consciente e inconscientemente para criar uma relação de trabalho. Isso é um processo espiritual, comumente iniciado através de meditação e visualização do próprio animal, e pode nos forçar a acender uma vela diante das nossas próprias sombras das quais negamos, ou suprimimos, ou ignoramos.

Energias da sombra possuem medicina ponderosa, se imaginarmos que estamos sempre tentando nos melhorar e chegar perto da plenitude e do espírito, e o animal sombra pode no mostrar caminhos diferentes pra isso. Energias de sombra não são gentis, não mimam a gente, e algumas vezes trabalhar com essas energias pode envolver lágrimas, terror e até mesmo dor se o animal já nos atacou no passado. Mas elas nos mostram caminhos bem diretos para o espírito e lar para verdades que uma vez confrontadas comumente mostram que o animal em si não é metade assustador do que pensávamos!

Por exemplo, animais venenosos frequentemente nos forçam a confrontar que nós também somos capazes de ações brutais e venenosas para conseguirmos o que queremos. Não há sentido em negar isso, e aranhas e cobras (e outros animais venenosos) nos dizem que devemos não somente confrontar essa verdade, mas como também abraça-la, e eventualmente aprender como amar e compreende-la. Através desse amor e compreensão nós alcançamos um novo respeito por nós mesmos e pelo animal através de trabalho espiritual.

Algumas vezes energias de sombra até se tornarão seu guia primário, ou um dos seus guias mais significantes. Se você estiver aberto e for honesto com o animal e consigo mesmo, você pode até desenvolver um aliado poderoso que pode te ajudar em outros mundos, rituais e trabalhos com feitiços. Você também se tornará capaz de ajudar outros a enfrentar seus próprios medos e desgostos do mesmo animal, porque você frequentemente saberá o que você teve que passar até chegar a um estado de compreensão.

Leve o tempo que precisar

Algumas pessoas gostam de resultados rápidos em sua espiritualidade, a ideia de uma jornada prolongada e extensa de trabalho duro com pequenos resultados pode ser frustrante no mínimo, por assim dizer. Mas com animais sombra é importante entender que reconciliar com sua sombra, ou até mesmo aspectos dessa sombra, com sua própria consciência, pode ser um processo difícil e contínuo.

Claro que o processo também pode ser muito rápido! Você pode ter um insight de realização e percepção e do nada pensar: “Sim! Eu realmente odeio isso em mim, e tenho medo disso, e vou fazer *isso* para consertar, por que eu nunca pensei nisso antes?”. Mas na maioria das vezes o processo é lento, contínuo, mas que no final é totalmente gratificante e que vale a pena.

Não force o processo, às vezes você não estará pronto de jeito nenhum, e você vai saber que está pronto quando acontecer. Seja paciente consigo mesmo. Respeite a si mesmo e tenha compreensão de si e da sua jornada espiritual conforme você aprende a respeitar e entender suas energias e seu animal sombra.



Texto traduzido do site: http://www.wildspeak.com/other/shadowanimals.html


Em crenças e religiões animistas – que creem que tudo no mundo possui alma – e totemistas – crença de que existem espíritos na forma de animais que nos orientam e auxiliam – é comum ouvirmos falar em animais de poder, ou totem animal, ou até mesmo animal espiritual. Esses animais são importantes para nos ensinar lições, sobre nós mesmos ou sobre como o reino espiritual age na natureza. Também são usados para a cura, seja ela em qualquer um dos quatro corpos: emocional, mental, físico e espiritual.

Existem quatro tipos principais de totem animal, dos quais darei uma breve explicação. É importante que se descubra cada um e o estude, pois assim você poderá se fundir com ele e chamar por sua energia sempre que precisar. Também é necessário honrar os totens, pois assim estará honrando os espíritos da natureza, possibilitando grande aprendizado e sabedoria.

Animal Permanente – Este animal ficará ao seu lado desde o seu nascimento até a hora da sua morte. Geralmente são os animais mais fáceis de serem reconhecidos, pois são aqueles com os quais você mais se identifica em termos de aparência externa e comportamento. O normal é que se tenha apenas um animal permanente, e em raros casos dois. Animais permanentes são professores natos, entretanto eles também aprendem conforme você vai aprendendo, e crescem conforme você vai crescendo.

Animal Temporário – Estes animais costumam durar alguns dias, meses ou até mesmo alguns anos. Estão ali por causa de uma determinada lição, ou seja, eles possuem algo para te oferecer, uma lição para ensinar. Essa lição pode vir em forma de aprendizado de vida, uma cura, seja corporal ou espiritual. Eles ficarão ao seu lado até que essa lição seja aprendida ou que você seja curado, entretanto podem ocorrer casos onde o animal temporário continua voltando repetidamente. Nesse caso, duas explicações são possíveis: ele pode ser mais do que um simples animal temporário e pode ter mais significado para você do que você imagina; ou pode ser um sinal de que você continua doente – mentalmente, espiritualmente ou corporalmente – ou que você ainda não aprendeu corretamente a lição que ele tem para ensinar.

Animal Sombra – Geralmente são animais dos quais você vai ter muito medo, pavor e até mesmo evitar contato com eles, e em muitos casos pode parecer que eles estão agindo contra você. Porém, com o tempo e conforme você aprende a lidar e entender seu animal sombra, ele pode agir a seu favor, com você e para você, entregando-o seu poder. O Animal sombra é como um espelho: ele reflete seus maiores medos, e características que você não gosta em si mesmo. São coisas que você deve aprender a superar em um determinado momento para o seu próprio bem. Eles são animais intrigantes e difíceis de lidar, mas podem representar um papel muito importante na sua vida, caso você venha a aprender como trabalhar com eles.

Animal Mensageiro – São animais precisos em suas ações: eles chegam rapidamente e vão embora da mesma maneira, deixando bem claro a mensagem que querem passar. Podem trazer experiências de felicidade ou calmaria, como a mensagem de alguém que você gosta muito ou de alguém que já não vive mais neste mundo; assim como podem trazer mensagens chocantes e repentinas, como por exemplo, um aviso de perigo iminente, de alguma escolha ruim que você possa fazer, ou até mesmo sobre alguma pessoa que não é o que aparenta ser.

Conseguiu identificar algum animal de poder em sua vida? Deixe sua experiência nos comentários. Em breve estarei publicando explicações mais específicas sobre cada tipo de animal, assim como os animais mais comuns e o que eles representam.

Bênção dos Deuses.
Hoje vamos falar sobre um comportamento muito comum entre os praticantes e estudiosos das artes: a preguiça.


“A preguiça pode ser interpretada como aversão ao trabalho, bem como negligência, morosidade e lentidão. É um termo oriundo do latim pigritia, "aversão ao trabalho". O preguiçoso, conforme o senso comum, é aquele indivíduo avesso a atividades que mobilizem esforço físico ou mental. De modo que lhe é conveniente direcionar a sua vida a fins que não envolvam maiores esforços. A preguiça é algo que pode ser combatido e pode ter motivações psicológicas e fisiológicas.”

Vivemos em um país conhecido pelos seus modos de sair de problemas das formas mais inusitadas, criar maneiras de fazer as coisas evitando o máximo de esforço possível. Você provavelmente já ouviu falar no termo “jeitinho brasileiro”. Somos um povo reconhecido pela falta de disciplina, modos, respeito. É só ver o desenho da Disney, Zé Carioca, representação do personagem brasileiro que vive na malandragem fumando seu charuto e passando a perna nos outros. Ainda que esse panorama não represente toda a população, muitos acabam “pagando o pato” quando vão para o exterior. Fato é, nós estamos acostumados a ser assim.

Esse texto está sendo aplicado ao conceito das artes, da bruxaria, da magia e da religião. Mas pode ser aplicado aos mais diversos temas de sua vida, visto que vamos trabalhar com um hábito que pode afetar tudo aquilo que você faz. Vamos lá:

A Arte da Bruxaria requer dedicação, estudo. É claro que você pode viver como lhe convém e estudar apenas aquilo que lhe convém ou que vai lhe beneficiar, afinal não existem regras definidas para isso, cada um segue um caminho. Entretanto, seu resultado vai depender da quantidade de esforço que você coloca sobre aquilo que está fazendo.

A maneira como você se comporta e como lida com a Arte vai mostrar que tipo de bruxo você é. Paciência, disciplina, sede de conhecimento, sacrifício, cautela, autoconhecimento, sabedoria: são essas características que separam um bruxo excepcional de um bruxo medíocre. Se você se conforma em ser uma pessoa mediana, a escolha é sua, entretanto estamos aqui para sair do padrão. O nível de vontade do ser humano se manifesta desde sua infância; é aquela criança que faz o esforço necessário apenas para passar de ano, que é média em todos os aspectos, não existe um assunto sequer que ela se mostre interessada ou que tenha um desempenho melhor. Não vamos entrar em méritos de educação aqui, apenas estou usando como exemplo. Por mais que influência e apoio sejam fatores que influenciem no sucesso de alguém, se esta pessoa não tem vontade de crescer, não há financiamento no mundo que a faça mudar.

Nossa vida é preciosa demais, ainda para aqueles que acreditam em reencarnação. Cada vida tem um propósito, um destino, uma missão a cumprir. Ficar no mundo vagando sem nenhum desejo de melhora é quase uma ofensa ao Divino. Lembre-se, viver é diferente de sobreviver. Feche seus olhos, tente fazer uma viagem no tempo; vamos ao Egito Antigo. Você pode ver o brilho do Sol refletindo na areia quente, e ao longe, as poderosas pirâmides, paisagens que chegam a tirar o fôlego. Tente imaginar quanto tempo elas demoraram para ser construídas. Cada bloco pesando mais de duas toneladas, todos eles sendo empilhados um por um, sem nenhum auxílio de toda a tecnologia que temos hoje. E são construções que perduram até os dias atuais, mesmo com todo o histórico de guerras, invasões, força do tempo e do clima. Imagine o tamanho da vontade que o povo egípcio teve ao construir esses monumentos. E você aí, achando que vai morrer porque tem que acordar cedo e ir trabalhar.

Tornamo-nos muito acomodados, não apenas em termos físicos, mas também mentais. Estudamos porque precisamos passar e não porque desejamos conhecimento e queremos nos aprimorar. Na bruxaria não existe espaço para quem se comporta desse jeito. A bruxaria é uma arte, e deve ser tratada da devida maneira.

Paciência: é necessário ser uma pessoa paciente. Você não vai se tornar um expert no assunto da noite pro dia, em uma semana, um mês. Muitas vertentes da magia exigem anos de estudo para que a pessoa possa ser ao menos reconhecida como entendedora do assunto. Lembre-se: quanto mais tempo investido, melhor o resultado. A paciência também é crucial quando se trata da prática da Arte. Um tolo vai se deixar levar pela ansiedade e praticar um ritual que acabou de ver em um livro ou na internet; um sábio vai ter paciência e estudar bem o ritual, consultar os deuses ou algum superior antes de realizá-lo.

Vai fazer aquele ritual que você acabou de achar sem estudar antes,
pode confiar que vai dar bom... (ironia mode on)
Disciplina: se você se dispôs a estudar a Arte, você deve se dedicar a ela devidamente, estudando ao menos alguma coisa mesmo que pequena todos os dias. Crie planos de estudo, metas para atingir, misture assuntos que você considera “chatos” com assuntos que lhe interessam mais. Alguns assuntos considerados chatos podem guardar informações úteis. Tenha sempre em mente que o conhecimento é sua maior arma.

Liberte-se da preguiça: bruxo que é bruxo gosta de estudar e não tem preguiça de ficar horas lendo um texto ou assistindo a um documentário ou filme. Faça anotações, separe um caderno para anotar seu progresso, suas dúvidas e seus planos/metas. Você pode até mesmo criar um Livro das Sombras, que eu ensino como fazer aqui. Você não precisa gostar de tudo e estudar tudo, mas também não seja uma pessoa totalmente pretensiosa de querer estudar só coisas que vão te trazer benefícios. Equilíbrio sempre!

Mergulhe no abismo sem medo: ao estudar bruxaria, independente de vertente ou religião, faça-o de mente aberta. Abandone o medo e o preconceito e busque pontos de vista diferentes do que você está acostumado a ter. Isso é ótimo até para resolução de problemas; pensar fora da caixa, olhar sobre outro panorama, questionar, buscar. “Mas isso não pode me levar a lugares que não gostaria de ir?” A resposta é sim, quando se estuda algo com a mente muito aberta você pode acabar estudando coisas mais perigosas sem estar preparado. Para que isso não aconteça, faça contato com o Divino, chame a divindade em que você acredita e peça orientação na hora dos estudos. E obviamente, tenha bom senso. Não é porque você leu aqui que deve abandonar o medo e o preconceito que você vai pular diretamente para assuntos como magia negra, invocação de entidades e etc.

Evite bruxaria fast food: a bruxaria fast food é aquela feita para parecer prática e rápida. Como aquelas propagandas enganosas que vemos de “trago seu amor em três dias”. Feitiço de um parágrafo para ganhar dinheiro, banho de erva pra ir bem na escola... Você seria um tolo completo se acreditasse que coisas tão fáceis conseguem resolver problemas de maneira tão rápida. Um paralelo a isso são pessoas que se julgam apenas pelo signo solar por pura preguiça de fazer o mapa astral completo e interpretá-lo como um todo. Você sempre pode fazer uma oração rápida, um feitiço leve para trazer boas energias, mas evite ficar apenas nisso. Se essa prática fosse boa teríamos panfletos sendo distribuídos por aí em vez de livros de mais de quinhentas páginas.


(A figura clássica do mago coberto por livros empoeirados não é atoa: é necessário muito estudo para se tornar um bom bruxo).
Tenha um bom autoconhecimento: saiba os seus limites, seus defeitos e capacidades. Seja honesto consigo mesmo: não adianta nada você ficar folheando páginas e páginas sem entender nada, sem captar a mensagem que o autor está querendo te passar. Também não adianta você querer praticar algum ritual de cabeça cheia ou com algum problema psicológico. Hoje em dia temos muitos jovens e adultos com problemas frequentes de depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico, e a verdade é que se você tem esses problemas ou até coisas mais sérias e não está em dia com sua medicação ou nem tratamento faz, é pouquíssimo aconselhável que você pratique a Arte.

Magia se trata de energia, de vibração. É como tocar em uma orquestra; se você está em um ritmo diferente, em uma nota diferente, você não entra em harmonia com a música, torna-se algo desagradável de ouvir. E quando se está com algum problema psicológico, ou até mesmo alguma dor física, você não vibra na frequência correta e sua magia pode ter pouco ou até mesmo nenhum efeito (quando não tem o efeito contrário). Isso entra na questão do autoconhecimento, pois o bruxo sábio está sempre tentando aprimorar a si mesmo, já que ele também é um instrumento dentro da Arte. O que mais vejo são pessoas com depressão querendo praticar bruxaria e negando que possuem algum problema. Se você passa por isso e ainda assim insiste, saiba que só estará prejudicando a si mesmo, e corre o risco de prejudicar as pessoas queridas ao seu redor também.

Não é vergonha nenhuma assumir que passa por um problema. Eu, autora, já passei por períodos de depressão profunda, ansiedade e síndrome do pânico e fiz mais de cinco anos de terapia com psicólogo e psiquiatra – depois farei um post relatando minha experiência e como melhorei –, mas reconheci que se eu não me livrasse disso jamais teria uma paz plena na vida. Problemas desse âmbito não afetam apenas sua vivência na Arte, mas também na sua vida emocional, profissional e acadêmica. O mesmo acontece com doenças físicas; algumas coisas não possuem cura, mas é sempre bom que estejamos aliviados de todas as dores na hora de praticar bruxaria. Devemos lembrar que somos canalizadores de energia, e a depender do nosso estado, ela pode tomar várias formas.
Um bruxo que sofre de ansiedade e não se cuida nem procura ajuda e tratamento corre o risco de alterar o curso natural das coisas. Pode querer que algo aconteça muito rápido pois ele não consegue esperar, pode realizar rituais na data errada, da forma errada, apenas porque ele está muito ansioso e deseja resultados imediatos. E isso é uma coisa extremamente perigosa.

“Ah, mas quer dizer que se eu tenho depressão eu não posso estudar magia?” – Calma lá. Você pode estudar e na verdade é até bom que estude, faça algo para ocupar seu tempo. Mas se a sua mente não está totalmente saudável é aconselhável que você evite lidar com transferências de energia, de você e outras pessoas, salvo em casos onde a pessoa que está ao seu lado saiba o que está fazendo. Entendo que pode parecer frustrante não praticar nada até se estar bem, mas veja por esse lado: o que é melhor, algo mal feito que você possa realizar agora com a chance de dar merda, ou esperar um pouco e ter bons resultados? Existem várias outras coisas para se fazer durante essa jornada. Meditação é uma delas, praticar a arte de meditar não somente vai te deixar mais próximo e conectado ao Divino como vai auxiliar no processo de autoconhecimento. Orações também são uma ótima prática. Se você precisar fazer anotações durante esse período, faça-o em um caderno separado ou use um dispositivo tecnológico para isso – computador, notebook, smartphone –, pois o processo de escrita manual também causa transferência de energia.

A jornada de um bruxo não é fácil e pode ser bem dura algumas vezes, mas não deixe que isso te desanime. Lembre-se das pirâmides e veja como o homem consegue alcançar a grandiosidade. Você tem a capacidade de realizar coisas grandiosas também, basta ter vontade e buscar o equilíbrio. Siga seu tempo, um passo por vez, levantando-se sempre que cair, com o pensamento de que cada distância percorrida, por mais que mínima, já te deixa mais perto do seu objetivo.


Bênção dos Deuses.

O Livro das Sombras – LDS (BOS – Book of Shadows, em inglês) é usado para armazenar informações que você irá precisar na sua tradição mágica, qualquer que seja. Também se fala do LDS como Grimório, Grimório Mágico/Pagão/Wiccano, etc.

Muitos pagãos e wiccanos acham que o LDS deve ser escrito à mão – isso não apenas transferirá energia para o escritor, mas também o ajuda a memorizar o conteúdo. (Certifique-se que sua escrita seja legível o suficiente para que você possa ler suas anotações durante um ritual!) – mas alguns usam o computador para guardar informações também. Tenha em mente que o Livro das Sombras é considerado uma ferramenta sagrada, o que significa que é um item poderoso e que deve ser consagrado assim como todas as outras ferramentas mágicas que você possuir.

Para criar seu Livro das Sombras, comece com um caderno de anotações em branco. Um método popular é usar um fichário para que os itens possam ser rearranjados conforme a necessidade. Se você usa esse estilo de LDS, você pode usar protetores de folha também, – aqueles plásticos pra colocar folhas únicas dentro – o que é ótimo para prevenir que cera de vela e outros resquícios de materiais que caiam nas páginas e as manchem.

(Nota fora da tradução do texto: eu recomendo folhas totalmente em branco, sem nenhum enfeite, sem linhas, apenas folhas limpas para o seu LDS. Isso foi um método que um professor de engenharia do ITA me ensinou, folhas em branco são muito mais eficientes pois não possuem nenhum desenho que possa te distrair e nem possuem riscos no meio que podem atrapalhar qualquer desenho que você queira fazer, além de ficar esteticamente feio. Se você faz algum curso, experimente fazer suas anotações em folhas em branco e veja como seu estudo ficará bem mais focado e organizado!)

Qualquer que seja a sua escolha, a página título deve incluir seu nome. Você pode escrever com enfeites ou de forma simples, dependendo da sua preferência, mas se lembre que o LDS é um objeto mágico e deve ser tratado dessa forma. Muitas bruxas simplesmente escrevem, “O Livro das Sombras de [seu nome]” na primeira página.

Que formato você deve usar? Algumas bruxas são conhecidas por criar elaborados alfabetos mágicos para Livro das Sombras em segredo. A não ser que você seja fluente o suficiente em um desses sistemas para que você consiga ler sem ter que checar notas ou gráficos, mantenha-se com sua língua nativa. Embora um feitiço pareça lindo quando escrito em Élfico ou em alfabeto Klingon (só os fãs de Star Trek vão entender essa), o fato é que é apenas difícil de ler a não ser que você seja um Elfo ou um Klingon, risos.

Quando se trata do conteúdo do seu Livro das Sombras, existem algumas seções que são quase que universalmente incluídas.

  • Leis do seu coven/clã/bosque ou tradição: acredite ou não, magia tem suas regras. Enquanto elas podem variar de grupo para grupo, é uma boa ideia manter no começo do seu LDS como um lembrete do que constitui comportamento aceitável e o que não constitui. Se você faz parte de uma tradição eclética que não possui regras escritas, ou se você é uma bruxa solitária, esse é um ótimo lugar para escrever o que VOCÊ acha que é aceitável dentro da magia;
  • Uma dedicatória: se você é iniciado em um coven/clã/bosque, você pode querer incluir uma cópia da sua cerimônia de iniciação aqui. Entretanto, muitos se dedicam a um Deus ou uma Deusa muito antes de fazerem parte de algum grupo. Este é um bom lugar para escrever para quem você está se dedicando, e por que;
  • Deuses e Deusas: dependendo de qual panteão ou tradição você segue, você pode ter apenas um Deus e uma Deusa, ou um número deles. Seu LDS é um ótimo lugar para escrever mitos e lendas e até mesmo artes e desenhos sobre sua deidade. Se a sua prática é eclética ou segue vários caminhos espirituais, é uma boda ideia incluir isso aqui;
  • Tabelas de correspondência: quando se trata de lançamento de feitiços, tabelas de correspondência são uma das suas ferramentas mais importantes. Fases da lua, ervas, pedras e cristais, cores – todas possuem significados e propósitos diferentes. Manter um gráfico sobre essas coisas no seu LDS garante que essa informação estará pronta e de fácil acesso quando você precisar;
  • Rituais de Sabbat: a Roda do Ano inclui oito feriados para a maioria dos pagãos e wiccanos, embora algumas tradições não celebrem todos eles. Seu LDS pode incluir rituais para cada um dos Sabbats;
  • Outros rituais: se você celebra cada lua cheia, você pode querer incluir um rito de Esbat no seu LDS. Você pode usar o mesmo para cada mês, ou criar vários rituais diferentes que se conectam com a época do ano. Você também pode querer incluir seções de como conjurar um círculo mágico e o “Drawing Down the Moon”, um ritual que celebra a invocação da Deusa na época de de Lua Cheia. Se você vai fazer qualquer ritual para cura, prosperidade, proteção, ou outros propósitos, se certifique de incluir eles aqui;
  • Ervas/Cristais: pergunte a qualquer pagão ou wiccano experiente sobre uma erva específica ou um cristal, e são boas as chances de que eles explicarão não apenas o uso mágico do mesmo mas também suas propriedades curativas e um histórico de como usar. Herbalismo e estudo de Cristais são considerados comumente o núcleo da magia, porque plantas e cristais são ingredientes que as pessoas têm usado por literalmente milhares de anos. Coloque junto uma seção no seu LDS para ervas, cristais e seus usos;
  • Divinação: se você está aprendendo sobre tarot, astrologia, runas, ou qualquer outra forma de divinação, mantenha todas as informações aqui. Quando você experimentar novos métodos de divinação, mantenha anotações do que você faz e seus resultados no seu Livro das Sombras.
  • Textos Sagrados: enquanto é muito legal e divertido ter vários livros novinhos em folha sobre wicca e paganismo para ler, algumas vezes é tão legal quanto ter uma informação que é mais estabelecida, mais antiga. Se tem algum texto que chame sua atenção, ou uma oração em alguma língua antiga, ou algum cântico particular que te move, inclua-o no seu Livro das Sombras;
  • Receitas mágicas: existe muito para se falar sobre cozinha das bruxas, porque para muitas pessoas, a cozinha é o centro do lar. Conforme você coleta receitas para óleos, incensos ou mistura de ervas, guarde-os no seu LDS. Você pode até querer incluir uma seção de receitas de comida para celebrações como Sabbats;
  • Feitiços: algumas pessoas preferem manter seus feitiços em um livro separado chamado Grimório, mas você pode também manter esses feitiços no seu Livro das Sombras. É mais fácil manter os feitiços organizados se você os dividir por propósito: prosperidade, proteção, cura, etc.;

O maior dilema com qualquer Livro das Sombras é como manter ele organizado. Você pode usar divisórias, criar um índice no final dele, ou se você é muito organizado, uma tabela de conteúdos na frente. Conforme você estuda e vai aprendendo, você vai ter mais informação pra incluir, por isso que o fichário é uma ideia muito prática.

Mantenha em sua mente que conforme nossa tecnologia está mudando constantemente, o modo como a usamos também muda- existem pessoas que mantém seus Livros das Sombras de forma completamente digital num flash drive, num laptop ou até mesmo guardado virtualmente para que possa ser acessado pelo seu dispositivo móvel favorito. Um LDS escrito num smartphone não tem menor valor do que um copiado por mão num caderno.

Você pode querer usar um caderno de anotações para informações copiadas de livros ou da internet, e outro para criações originais. De qualquer forma, ache o método que funciona melhor com você e cuide bem do seu Livro das Sombras. Afinal, é um objeto sagrado e deve ser tratado de tal forma!

Ritual de consagração do Livro das Sombras:

Você pode consagrar seu novo Livro das Sombras e Caneta(s) de Arte com um ritual simples:

Numa noite de Lua Nova, conjure um círculo mágico conforme você se sinta confortável de fazer, e pegue seu Livro das Sombras e as Canetas de Arte que deseja consagrar, junto de uma tigela de água sagrada, dentro do círculo. Com apenas luzes de velas, consagre seu equipamento de escrita mantendo suas mãos sobre o equipamento, palmas para baixo, e dizendo tais palavras:

Livro das Sombras, folhas em branco
Caneta de Arte com a ponta tão fina
Logo será preenchido com rituais de Sabbat
Encantos Mágicos e feitiços cantados
Dia após dia e noite após noite
Páginas em branco a Caneta de Arte irá preencher.

Então decore cada caneta, livro, etc., com um símbolo de sua escolha – pentagrama, lua crescente, triskele, etc – dizendo algo como:

A partir dessa noite de Lua
Eu dedico este livro e esta(s) caneta(s)
Aos Mistérios dos Antigos Caminhos
Como eu quiser, que assim seja!

Agora inscreva na primeira parte do livro com seu título, de qualquer forma que você desejar chama-lo, usando sua Caneta de Arte. Abaixo do título escreva a data em termos pagãos como “A Terceira Noite da Lua do Lobo, 1999,”- qualquer que seja a data, junto com qualquer coisa que você sinta que deve ir junto com o título.

(Este texto foi traduzido do blog The Blue Chicory)